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Mulheres já representam 40% do público discente vinculado e 45% dos profissionais formados nas Engenharias da UFT
Quatro em cada dez pessoas que estão atualmente em cursos de graduação nas área de Engenharia da UFT são do sexo feminino. Entre as pessoas que já se formaram o percentual é maior, chegando a 45% do total. Os dados são da Pró-Reitoria de Graduação (Prograd) e foram levantados tendo como pano de fundo a celebração desta segunda-feira (23 de junho) que é o Dia Internacional das Mulheres nas Engenharias.
Celebrado mundialmente, a data foi estabelecida pela Women´s Engineering Society (WES) (Sociedade de Mulheres Engenheiras do Reino Unido), em meados de 2014, pela necessidade de fortalecimento e celebração do espaço que as mulheres engenheiras vinham ganhando na profissão, majoritária e historicamente ocupada por homens.
No Brasil, segundo as informações do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea), atualmente há 230 mil profissionais registradas no Sistema, correspondendo a cerca de 20% do total de profissionais. Em 2019, apenas três regionais do Sistema Confea/Crea eram presididos por mulheres. A partir de 2020, o número subiu para seis e, atualmente, são oito as Regionais lideradas por engenheiras. No Tocantins, de acordo com dados do Conselho Regional (Crea/TO), o número de mulheres com formação em engenharia e registradas chega a 1.870. Levando-se em conta todas as modalidades previstas para inscrição no Conselho o total chega a 2.026 profissionais do sexo feminino, com maior presença nas área de Engenharia Civil (1.061) e Agronomia (449).
De acordo com o presidente do Confea, Vinicius Marchese, os dados do Censo Confea revelam que uma transformação está em andamento: “Entre os profissionais com menos de 30 anos, uma em cada três é mulher. Já entre os mais velhos, acima de 60, elas representam apenas 12%. Isso revela que a renovação está vindo de baixo para cima, com uma nova geração de mulheres assumindo seu espaço e impulsionando mudanças”, observa.
O Confea programou para esta segunda-feira uma celebração na sua sede, em Brasília, que terá transmissão ao vivo e gratuita pelo pelo canal de Youtube da entidade, a partir das 19h. Marchese ressalta ainda que a missão do Conselho é fomentar ambientes mais inclusivos e representativos: “Mais do que celebrar, o evento que o Confea está preparando é um convite à ação coletiva por mais oportunidades, visibilidade e respeito para as mulheres da engenharia, da agronomia e das geociências”, complementa.
Presença feminina na UFT
Na UFT, de acordo com os dados da Prograd, o curso de graduação - entre as engenharias - com a maior presença feminina é o de Agronomia (Gurupi), com 164 alunas vinculadas, seguida do curso de Engenharia Ambiental (Palmas), com 155 discentes; Engenharia de Alimentos com 139 alunas; Engenharia Civil com 112 vinculadas; Engenharia Florestal (Gurupi), com 85; Engenharia de Bioprocessos e Biotecnologia (Gurupi), com 70 discentes; e Engenharia Elétrica (Palmas), com 57 estudantes.
É no curso de Engenharia de Alimentos onde a proporção feminina é maior, chegando a 61,5%, que encontramos uma das docentes pioneiras da UFT, professora Valéria Gomes Momenté. "Sou engenheira agrônoma e professora há 22 anos na Universidade Federal do Tocantins. Minha trajetória na UFT começou no curso de Agronomia, onde atuei por cinco anos. Em 2008, fui removida para o curso de Engenharia de Alimentos, onde sigo contribuindo com a formação de futuros profissionais. Ser uma professora engenheira é algo muito especial. É ocupar um espaço onde exercemos, ao mesmo tempo, a técnica e o cuidado humano. Não ensinamos apenas fórmulas, cálculos ou processos. Ensinamos pela vivência e pelo compromisso com a sociedade", pontuou a docente. Para ela, ocupar o espaço é também um ato de inspiração para outras mulheres e meninas que chegam à graduação.
Outra docente, que foi aluna da graduação na UFT (Engenharia de Alimentos) e agora exerce a docência no curso, é Cláudia Auler. "Ainda enfrentamos barreiras, muitas vezes sutis, que vão desde a baixa representatividade em cargos de liderança até estereótipos de gênero que ainda persistem. Mas cada mulher que ingressa e permanece na engenharia ajuda a romper esses padrões. A presença feminina nas engenharias amplia as perspectivas, enriquece as soluções e traz novos olhares para os desafios da área. Por isso, mais do que celebrar a data, é fundamental fortalecer políticas e ambientes que acolham, incentivem e valorizem a atuação das mulheres nesse campo.
Formada há pouco menos de um ano, a engenheira de alimentos Kércia Sabino atua como bolsista no Projeto Aquagenômica, na Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaria (Embrapa), no Tocantins. Ela acredita que "com o tempo essa barreira entre masculino e feminino vai perder força, sim! As pessoas estão começando a valorizar mais o caráter, a responsabilidade, o jeito de ser, do que simplesmente o gênero. Claro que ainda existe diferença, mas quando tem respeito e maturidade, isso vai ficando cada vez menos relevante. O que realmente importa é quem a pessoa é como profissional, não se é homem ou mulher.
A estudante Aline Silva, do curso de Engenharia Civil da UFT (Câmpus de Palmas), contou dos desafios de estar em um espaço com poucas mulheres. "Trilhar e ocupar um espaço onde sempre houve predominância masculina é desafiador, pois somos colocadas à prova todos os dias. Não começa no mercado de trabalho, comigo começou na sala de aula; houve momentos em que me falaram que eu não conseguiria acompanhar os outros colegas, falaram que não deveria comparar meu conhecimento com o de outros colegas, visto que sou mãe e esposa, então tive que lutar para provar que não vivo de rótulos. E assim é a vida de muitas mulheres dentro da engenharia. Escolhi e escolheria mil vezes trilhar esse caminho pois sempre foi o meu sonho!", disse, complementando que "Se você quer, você pode, só depende de um único ser, você mesma, e é o único padrão comparativo entre o antes e depois da sua própria vida!". (Com informações das Assessorias de Imprensa do Confea e do Crea/TO)