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Saberes Ancestrais e Ciência: Plantas Medicinais dos Quilombos Mumbuca e Prata
Raphael Sanzio Pimenta; Mônica Silva Ribeiro; Antoninho Alves de Sousa; Diomar Ribeiro Silva Gomes; Domingas Ribeiro de Sousa; Laurita Batista Barbosa; Lení Francisca de Sousa; Maria Francisca da Silva; Noeci Ribeiro de Sousa; Noemi Ribeiro da Silva; Rosirene Ribeiro Rocha; Juliana Fonseca Moreira da Silva
Sinopse: O conhecimento sobre o uso terapêutico das plantas reflete a relação cultural e simbólica entre os seres humanos e a natureza, com destaque para a diversidade de interpretações, como os saberes quilombolas e acadêmicos. Nas culturas de matriz africana, como nas comunidades quilombolas, a utilização de plantas está profundamente ligada a uma cosmologia que vê a natureza e a cultura como interdependentes, sendo essencial a reciprocidade entre seres humanos e não humanos. Essas práticas de cura e alívio de males envolvem respeito a ciclos naturais, como a Lua e as estações do ano, evidenciando um entendimento da força da natureza. O estudo das anciãs das comunidades quilombolas Mumbuca e Prata, no Jalapão, revela o conhecimento ancestral sobre o uso terapêutico de plantas, evidenciando a importância dos saberes botânicos nas práticas de cura dessas populações.
Ficha Técnica
Autor/a(s) ou Organizador/a(s): | Raphael Sanzio Pimenta; Mônica Silva Ribeiro; Antoninho Alves de Sousa; Diomar Ribeiro Silva Gomes; Domingas Ribeiro de Sousa; Laurita Batista Barbosa; Lení Francisca de Sousa; Maria Francisca da Silva; Noeci Ribeiro de Sousa; Noemi Ribeiro da Silva; Rosirene Ribeiro Rocha; Juliana Fonseca Moreira da Silva |
Ano de Publicação: | 2025 |
Área/Sub-Área: | Ciências Biológicas |
Categoria: | Obras acadêmicas |
Formato: | E-book e Livro Físico |
Páginas: | 208 |
ISBN: | 978-65-5390-166-7 |
Sobre os autores/organizadores:
Domingas Ribeiro de Souza (Dona Miúda), tem oitenta anos, filha de Sér-gio Ribeiro de Souza e Arlinda de Souza, primogênita de dez irmãos, nasceu e vi-veu nos quilombos do Prata e Mumbuca. Mãe de oito filhos, tem hoje trinta netos e 26 bisnetos. É considerada a matriarca da região onde mora, por ter sido a primeira a chegar aos arredores de sua casa. Miúda aprendeu sobre a cura com plantas através de sua mãe, e diz que sempre testava suas preparações em si mesma, antes de indicar para os outros. Muitos moradores dos arredores afirmam preferir utilizar suas plantas a usar remédios comerciais. Em sua vida, já curou muitas pessoas e trouxe ao mundo inúmeras crianças por meio de sua atuação como parteira.
Noemi Ribeiro da Silva (“Dotora”), matriarca atual do Mumbuca, tem 69 anos, filha da Rainha do Capim Doura-do - Sra. Guilhermina – (Dona Miúda) e de Antônio Bento da Silva, tem dez irmãos e mora hoje com uma sobrinha, filha de criação. Sempre buscou recursos farmacêuticos no Cerrado, que afirma ser abençoado por Deus, pois tem de tudo para tratar desde res-guardo a picada de cobras. Em sua casa, ocorre a “Roda doura-da”, onde eventualmente as pessoas da comunidade se reúnem para beber, comer, dançar e resolver questões da comunidade. Sempre foi uma incentivadora dos estudos, apoiando os jovens a ingressar na universidade. Possui raízes profundas no Mumbuca, terra onde nasceu e ainda reconhece árvores e plantas medicinais que lhe fo-ram apresentadas por seus ancestrais. Doutora é, sem dúvida, um dos pilares da comunidade.
Diomar Ribeiro da Silva Gomes – (Dona Santinha). Tem oitenta anos, nascida e criada no Mumbuca, é bisneta de Silivero Ribeiro, um dos fundadores do quilombo. Mãe de dois filhos e irmã mais velha de onze irmãos, é avó de qua-tro netinhos de sangue e de dois bisne-tos, além de uma infinidade de netos do coração. Aprendeu sobre plantas medicinais com sua mãe, que por sua vez aprendeu com sua avó. É uma defensora do Cerrado e sem-pre alerta para a importância de passar seus conhecimentos para os mais novos. Afirma que este livro é fundamental e um sonho que se torna realidade.
Noeci Ribeiro de Sousa, conhecido como Noé, nasceu há 49 anos, na Co-munidade Quilombola do Prata. Desde cedo, teve contato com a sabedoria an-cestral de sua família, especialmente atra-vés de sua mãe, Domingas (Dona Miú-da). Foi ela quem lhe transmitiu todo o saber enraizado na tradição e pelo dom da cura que Dona Miúda possui. Ainda jovem, Noé mudou-se para a Fazenda Grota D’água, onde continuou a cultivar e expandir esse conhecimento. Ao longo dos anos, tornou-se uma figura respeitada por sua habilidade de identificar e utilizar plantas para tratar diver-sos males, perpetuando a rica herança cultural e medicinal de sua comunidade. A vida de Noé é marcada pelo respeito à natureza, pela devoção aos ensinamentos de sua mãe e pelo compromisso em preservar a sabedoria quilombola, que atravessa gerações.
Mônica Silva Ribeiro, mulher preta e quilombola, tem 24 anos e pertence à Comunidade do Prata. Nascida na Fa-zenda Grota D’água, mudou-se de São Félix para a Comunidade Mumbuca aos dezoito anos. Após o Ensino Médio, ingressou no Ensino Superior, matricu-lando-se no Curso de Licenciatura em Biologia da Universidade Federal do Tocantins (UFT), na mo-dalidade EAD. Movida pelo desejo de crescer academicamente e contribuir com o bem-estar do seu povo, sonha em levar o conhe-cimento adquirido para fortalecer as comunidades quilombolas. Desde a infância, tem um vínculo especial com as plantas medi-cinais, conhecimento adquirido através do seu pai Noé e da avó Miúda. É grata a Deus por todas as oportunidades e reconhece os pais e a avó como fontes de incentivo para os estudos e vida.
Laurita Batista Barbosa, tem 71 anos e nasceu no Quilombo Mumbuca, onde vive até hoje. Casada com o senhor Val-mir Ribeiro da Silva e mãe de cinco fi-lhos, Laurita é uma figura respeitada e muito querida na comunidade. Desde a infância, foi apresentada ao uso de plan-tas medicinais, tradição de sua mãe e pa-rentes próximos, estabelecendo uma conexão profunda e duradou-ra com os saberes tradicionais. Ao longo de sua vida, Dona Laurita continuou a cultivar esse conhecimento, utilizando plantas para promover a saúde e o bem-estar de sua família e da comunidade. Seu vínculo com as tradições e sua dedicação em preservar a sabe-doria medicinal Quilombola fazem dela uma guardiã da Cultura Mumbucana, transmitindo sua herança às futuras gerações.
Maria Francisca de Sousa, conhecida como Maria de Doutor, nasceu em 1945, no Quilombo de Mumbuca. Casou-se com o Senhor Salomão (Doutor) e mu-dou para o Quilombo Prata, onde vive até hoje. Maria herdou o conhecimento sobre plantas medicinais de seus pais, um saber tradicional que ela faz questão de manter vivo, transmitindo-o para suas filhas, noras e netos. Sua dedicação às práticas de medicina natural reforça a importância da sabedoria ancestral na preservação cultural da sua comunidade.
Rosirene Ribeiro Rocha, mais conhe-cida como Rosinha, nasceu há 46 anos, na Fazenda Jaburu. Ainda jovem, ela se mudou para o Quilombo Prata, onde construiu sua família ao lado do marido. Desde a infância, Rosinha foi inspirada por suas raízes e tradições familiares. Ob-servava atentamente sua tia e sua avó uti-lizarem remédios caseiros para tratar diversas enfermidades de seus parentes. Com curiosidade e dedicação, ela aprendeu a arte de lidar com plantas medicinais. Ao longo dos anos, Rosinha desenvolveu sua habilidade na preparação de garrafadas e outros remédios natu-rais, utilizando o conhecimento que herdou de suas antepassadas. Hoje, ela compartilha essa sabedoria com sua comunidade, ofe-recendo tratamentos não apenas para seus parentes, mas também para homens e mulheres que recorrem a ela em busca de cura e alívio para diferentes problemas de saúde.
Antoninho Alves de Sousa, 48 anos, nas-ceu e vive na Comunidade do Prata, distri-to de São Félix-TO, no coração do Jalapão. Desde a infância, aprendeu com sua mãe, Loides Alves Medeiro, o uso das plantas medicinais, mantendo viva a sabedoria an-cestral. Dedicado à preservação e transmis-são desse conhecimento, Antoninho segue em sintonia com o Cerrado, respeitando a natureza e assegurando que as futuras gerações de sua comunidade continuem a valorizar as práti-cas tradicionais de seus antepassados.
Lení Francisca de Sousa, de 53 anos, nasceu no Povoado do Prata, atualmente reconhecido como Comunidade Rema-nescente de Quilombo. Desde cedo, teve uma ligação especial com suas raízes cul-turais e a sabedoria tradicional. Aos qua-torze anos, deixou o quilombo para buscar educação em Gilbués, no estado do Piauí, onde completou o Ensino Fundamental I. Sua jornada acadêmica e pessoal a levou a outras cidades, como Brasília, Porto Nacional e Pal-mas, sempre em busca de conhecimento e novas experiências. Lení aprendeu a lidar com plantas medicinais desde a infância, uma habili-dade transmitida por sua mãe, Maria Francisca de Sousa. Maria, mãe de nove filhos, criou todos com a assistência de parteiras e com o uso de remédios caseiros, utilizando tanto plantas cultivadas no quintal quanto espécies nativas do Cerrado. Essa sabedoria foi absorvida por Lení, que continua a fazer uso das plantas medicinais em seu dia a dia e a transmitir esses conhecimentos valiosos para seus filhos. Ela res-salta a importância de preservar essa prática, destacando os benefícios que as plantas proporcionam à saúde e valorizando a conexão com a natureza e a ancestralidade.
Raphael Sanzio Pimenta, é biólogo, mestre e doutor em Microbiologia pela UFMG e tem dois pós-doutorados, sen-do um realizado no USDA, dos Estados Unidos. Natural de Bocaiúva - MG, mu-dou-se com a família para Belo Horizon-te aos dois anos de idade, cidade onde viveu até ser convidado para realizar pes-quisas na Universidade Federal do Tocantins, em 2004. Atualmen-te, é professor titular do curso de Medicina e dos programas de pós-graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos, Ciências da Saúde e do doutorado BIONORTE. Casado com Juliana F. M. da Silva, tem duas lindas filhas: Luiza e Júlia. Tem 51 anos e é o caçula de doze irmãos, filhos de Valdir Santos Pimenta e Maria do Rosá-rio Pimenta. Possui diversos artigos científicos e livros publicados, incluindo livros para crianças e adolescentes.
Juliana Fonseca Moreira da Silva,bióloga, com mestrado em Ciências do Ambiente pela UFT e doutorado em Mi-crobiologia pela UFMG e USDA, dos Es-tados Unidos, possui pós-doutorado em biotecnologia pela USP. É casada com o Dr. Raphael S. Pimenta, com quem tem duas filhas: Luiza e Júlia. É professora do Curso de Medicina da UFT e do Programa de Pós-graduação em Ciências do Ambiente. Filha de Agenor Moreira da Silva Neto e Nilza Fonseca Moreira da Silva, é natural de Belo Horizonte - MG e se mudou para Palmas com a família em 2005, onde reside até hoje. É orientadora de iniciação científica, mestrado, doutorado e pós-doutorado.