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UFT sedia a vigésima quinta edição do Encontro Brasileiro de Ictiologia
Entre os dias 26 e 31 de janeiro, a Universidade Federal do Tocantins (UFT) sedia a vigésima quinta edição do Encontro Brasileiro de Ictiologia. Com o tema “Desafios da Ictiologia no Antropoceno”, pesquisadores, estudantes e profissionais da área são convidados a discutir sobre a importância da conservação dos ecossistemas aquáticos em um momento de acelerada degradação ambiental. O evento conta com 6 dias de programação, iniciando às 7h30 e encerrando às 22h, repletos de palestras, mesas redondas, minicursos, workshops e simpósios direcionados ao tema, divididas em quatro ambientes diferentes da instituição.
Organizado pela Sociedade Brasileira de Ictiologia (SBI), em parceria com a UFT, por meio da Pró-reitoria de Pesquisa e Pós-graduação (Propesq) e do corpo docente do curso de Ciências Biológicas - Câmpus Porto Nacional, esta é a primeira vez do evento em Palmas. Segundo dados divulgados pela Comissão Organizadora, o evento contou com mais de mil inscritos nacionais e internacionais, além de um público de quase 700 pessoas apenas em seu primeiro dia, sendo este marcado por 28 minicursos, divididos entre matutino e vespertino.
Em conversa com a professora e presidente da Comissão Organizadora, Carine Chamon, ela comentou que não há como definir em uma única palavra a emoção em participar da organização de um evento tão grande e importante para sua área, mas diz que o resultado tem sido extremamente gratificante. “Em uma palavra eu não consigo te resumir como foi organizar tudo isso. Foi uma jornada intensa, estressante, repleta de desafios, mas tudo se tornou extremamente gratificante ao ver essa universidade lotada, rever meus amigos de longa data e perceber tá tudo dando certo. Estou muito feliz com isso.”, disse ela.
E esse sentimento não ficou restrito a ela. Segundo o professor do Câmpus de Porto Nacional, 100º pesquisador mais citado no mundo e presidente da Comissão Científica do evento, Fernando Pelicice, participar da organização deste Encontro é algo único e coroa a carreira. “Como ictiólogo, pesquisador, professor, essa é uma das atividades que são poucas na carreira. Quando elas vêm, é como uma joia, porque é a congregação maior dos cientistas na área e aí você se vê envolvido na organização da atração desses cientistas. Então você cria um espaço para reuni-los, discussões, momentos para interação social, e etc. Então eu diria que é um evento que você faz uma vez na vida e que de alguma forma abrilhanta ou coroa a carreira.”, comentou ele.
A participação dos estudantes na organização
Escolhidos por meio de processo seletivo, 20 acadêmicos do curso de Ciências Biológicas e suas respectivas pós-graduações integraram a Comissão de Apoio do XXV EBI. Entre eles, está o mestrando do Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade, Ecologia e Conservação (PPGBec), Pedro Henrique Marinho. Com pesquisas desenvolvidas justamente na área da Ictiologia, para ele participar deste evento foi algo grandioso, podendo conhecer grandes nomes que já havia visto durante suas aulas e pesquisas. “É um imenso prazer e uma grande honra estar num evento dessa proporção, enquanto pesquisador de ictiologia. Aqui pude encontrar grandes nomes não apenas em nível nacional, mas internacional também, encontra nossas referências, pesquisadores de várias áreas.”, disse ele.
E Carine reconhece essa importância: “Para a maioria dos nossos estudantes este é o primeiro congresso de nível nacional que eles participam e sabemos o desejo deles em ir. Esses congressos são caros, o deslocamento é caro, então, assim, para mim eu sinto como se fosse uma grande oportunidade para eles fazerem parte disso e fazerem parte da construção desse evento. Temos as semanas acadêmicas, que são super importantes, mas nada como você estar transitando no meio que você está esbarrando com as referências que você lê nos artigos.”, disse ela. Além disso, segundo ela, eventos como esse ajudam a conectar pessoas pessoas que possuem a mesma paixão e a quebrar a ideia do pesquisador como ser intocável pelos alunos.
Pedro, inclusive, conseguiu conhecer alguns dos grandes pesquisadores de sua área de formação e teve a oportunidade de apresentar sua pesquisa para eles durante as apresentações orais do evento. Segundo ele, este evento não é importante apenas pelo espaço e oportunidade dado aos estudantes, mas também pela chance de conversar sobre melhorias para o meio ambiente, em especial o aquático. “Esse evento é importante não só para esse network que tem entre os pesquisadores e população em geral. Aqui é onde nós juntamos as informações a respeito da distribuição de peixes, principalmente no Antropoceno, que é onde a gente está vivendo realmente, onde as ações humanas estão acarretando uma série de impactos.”, disse ele.
O XXV Encontro Brasileiro de Ictiologia
“O Brasil está na região neotropical, algo que o torna um paraíso da biodiversidade aquática, entretanto essa riqueza está em risco. Muitas espécies estão desaparecendo sem que sequer as conheçamos. Eventos como este são cruciais para mudarmos essa realidade. Ao estudar os peixes, entendemos seus hábitos, seus habitats e como protegê-los. Afinal, como preservar o que não conhecemos?”, disse Pedro Henrique, explicando o papel deste evento. A ictiologia é a ciência que estuda os peixes. Essas pesquisas desempenham um papel fundamental na compreensão e preservação dos ecossistemas aquáticos.
Através desses estudos, cientistas desvendam a diversidade de espécies, seus hábitos, interações e a influência de fatores ambientais em suas populações. E são em momentos como o XXV Encontro Brasileiro de Ictiologia que esses conhecimentos podem ser compartilhados, colaborando com o desenvolvimento de diversas pesquisas que ainda estão em andamento ou até mesmo renovação de outras que já foram anteriormente finalizadas. Ao mapear a distribuição geográfica dos peixes e identificar áreas em que vivem espécies nativas, os pesquisadores contribuem para a delimitação de áreas de proteção ambiental e a criação de estratégias de conservação mais eficazes.
Além disso, as pesquisas sobre a ecologia trófica dos peixes permitem entender as relações alimentares nos ecossistemas aquáticos e identificar espécies-chave para a manutenção da biodiversidade. E compreender o impacto das ações humanas, como a poluição, a pesca excessiva e a alteração dos habitats, é essencial para a conservação dos recursos pesqueiros e a manutenção da saúde dos ecossistemas aquáticos. E para o professor, pesquisador e congressista, Guilherme Dutra, o evento tem cumprido bem o seu papel nesta edição. “Eu frequentei o simpósio de Biogeografia e Genética e foi muito interessante, o pessoal com os trabalhos bem bonitos e com grandes contribuições para a ciência.”, disse ele.
Guilherme também apresentou uma de suas pesquisas durante as sessões de painéis e acompanhou quatro de seus orientandos durante suas próprias exibições.