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Pesquisadora quilombola do PPGCiamb participa do Caminhos Amefricanos e reforça internacionalização crítica
A trajetória acadêmica e militante da pesquisadora quilombola Laurenita Gualberto Pereira Alves ganha um novo capítulo com sua participação no Programa Caminhos Amefricanos: Intercâmbios Sul-Sul, realizado entre 24 de agosto e 7 de setembro de 2025 em Lima, no Peru. Doutoranda em Ciências do Ambiente pela Universidade Federal do Tocantins (PPGCiamb/UFT), sob orientação do professor Heber Gracio, Laurenita tem dedicado sua pesquisa às relações étnico-raciais e à educação escolar quilombola, sempre conectando ciência, ancestralidade e justiça social.
O Caminhos Amefricanos é fruto da parceria entre a CAPES e o Ministério da Igualdade Racial (MIR), com o objetivo de estimular trocas de conhecimentos e experiências para enfrentar o racismo no Brasil e valorizar a História e Cultura Africana e da Diáspora Africana. Em Lima, as atividades formativas são realizadas em parceria com a Universidad Nacional Mayor de San Marcos, maior instituição de ensino superior do Peru, e incluem visitas a escolas, locais históricos e museus. Essa experiência internacional reforça o compromisso do PPGCiamb/UFT com a internacionalização crítica e interdisciplinar, conectando saberes acadêmicos e tradicionais.
Na série Trajetórias PPGCiamb, Laurenita compartilha sua caminhada acadêmica, sua experiência no intercâmbio e suas reflexões sobre o papel da ciência na valorização dos povos quilombolas, indígenas e tradicionais.
1. Para começarmos, você pode nos contar seu nome completo, sua formação acadêmica anterior e compartilhar uma breve minibiografia?
Laurenita Gualberto Pereira Alves, Mestre em Educação, e Doutoranda em Ciências do Ambiente. Mulher negra quilombola, Professora, Doutoranda em Ciências do Ambiente - UFT, Mestre em Educação - UFT (2021). Coordenadora Geral e Pesquisadora associada da Rede Internacional de Pesquisadores sobre Povos Originários e Comunidades Tradicionais. É Formadora na modalidade de Educação do Campo, Indígena e Quilombola do Programa AlfabeTO - FNDE/UFT/MEC/FAPTO/UNDIME/SEDUC.
2. Como o PPGCiamb tem contribuído para a sua trajetória acadêmica e profissional, especialmente no desenvolvimento do seu olhar crítico e engajado com temas socioambientais?
O PPGCiamb tem contribuído ao aprofundar o conhecimento acadêmico, que é algo importante para o desenvolvimento de um olhar crítico e engajado com temas socioambientais. Costumo dizer que o PPGCiamb me tirou da zona de conforto, pois sou desafiada a questioná-los, identificar as lacunas na pesquisa e construir minha própria argumentação baseada em evidências.
3. Quais experiências dentro do programa, como disciplinas, projetos ou orientações foram e são importantes para a sua especialização?
Em suma, o programa me proporcionou a especialização por meio de uma combinação de conhecimento teórico das disciplinas, a prática em projetos concretos e a orientação personalizada, que juntos me capacitaram para atuar de forma crítica e engajada nas complexas questões da minha área de pesquisa.
4. Como tem sido sua vivência no intercâmbio em Lima e de que forma essa experiência internacional dialoga com sua pesquisa no campo das relações étnico-raciais e da educação escolar quilombola?
Minha vivência no intercâmbio em Lima tem sido uma oportunidade profundamente enriquecedora e, sobretudo, transformadora. Longe de ser apenas uma experiência turística, a imersão na capital peruana tem me permitido um contato direto com a complexidade e a riqueza da sociedade afroperuana. Tanto o Brasil quanto o Peru vêm de um processo de luta histórica que ficou congelada no período colonial. Estar nesses espaços significa reavivar a nossa memória e história de resistência herdada de nossos ancestrais. Conhecer a história sobre a luta e a invisibilidade da população afroperuana me fortalece e dá fôlego para continuar na luta por uma educação mais justa e com equidade para todas as pessoas.
5. Na sua visão, de que maneira o PPGCiamb pode seguir fortalecendo processos de internacionalização que valorizem os saberes e lutas dos povos tradicionais, indígenas e quilombolas?
O PPGCiamb pode fortalecer seus processos de internacionalização, valorizando os saberes e lutas dos povos tradicionais, indígenas e quilombolas, ao adotar uma abordagem que vai além dos modelos convencionais de intercâmbio. Essa internacionalização deve ser vista como um processo de mão dupla, que promove o diálogo de saberes e a colaboração horizontal.
Trajetórias PPGCiamb
A série Trajetórias PPGCiamb apresenta entrevistas com professores, alunos e egressos do Programa de Pós-Graduação em Ciências do Ambiente da UFT. A proposta é reunir relatos que mostrem o papel do Programa na formação acadêmica e profissional, além de evidenciar a diversidade de pesquisas e atuações que se desenvolvem a partir dessa vivência, conectando o Tocantins ao mundo.