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    Pesquisa revela riqueza cultural e histórica da ourivesaria de Natividade
    RECONHECIMENTO

    Pesquisa revela riqueza cultural e histórica da ourivesaria de Natividade

    O trabalho resultou em dois principais produtos, um texto detalhado de 338 páginas e um documentário de 25 minutos intitulado "Ourivesaria Artesanal de Natividade".

    Por  Virgínia Magrin  | Publicado em 10/06/2024 - 12:26  | Atualizado em 10/06/2024 - 13:48
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    A pesquisa de mútua cooperação técnica entre o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e a Universidade Federal do Tocantins (UFT), visando à execução do Dossiê de Registro do bem cultural Ourivesaria de Natividade, foi concluída e entregue ao IPHAN Tocantins no final de maio. O trabalho resultou em dois principais produtos: um texto detalhado de 338 páginas e um documentário de 25 minutos intitulado "Ourivesaria Artesanal de Natividade".

    Sob a coordenação da professora Noeci Carvalho Messias, do curso de Teatro da UFT, a pesquisa reuniu uma equipe multidisciplinar de professores e pesquisadores das universidades UFT, UFRR e UFG, além de bolsistas de graduação. Durante um ano, a equipe realizou uma extensa pesquisa etnográfica, entrevistando moradores de Natividade, incluindo ourives e usuários das joias artesanais. As joias, utilizadas tradicionalmente em festas religiosas, foram um foco especial da pesquisa, que observou e descreveu cerimônias locais como as festas do Divino Espírito Santo, São João, Nossa Senhora da Natividade e a Romaria do Senhor do Bonfim. Nessas festividades, é comum o uso de joias em formas de crucifixos, corações nativitanos, peixes, pombinhas do Divino, anéis do Senhor do Bonfim, entre outros, expressando a devoção dos participantes.

    Ourives trabalhando em uma das famosas joias de Natividade (Foto:  Rafael Trapp)
    Ourives trabalhando em uma das famosas joias de Natividade (Foto: Rafael Trapp)

    A pesquisa revelou que o apreço pelas joias em Natividade tem origens antigas, datando do Brasil Colônia. As joias não apenas expressam devoção religiosa, mas também têm significados de proteção e cura, além de serem símbolos de identidade e status social. Os estilos de joias refletem influências lusitanas e africanas, com os escravizados trazendo conhecimentos de mineração que contribuíram para a tradição ourivesareira local.

    Localmente, a pesquisa contou com o apoio da Secretaria Municipal de Turismo e Cultura, Secretaria Municipal de Assistência Social, Associação Comunitária Cultural (ASCCUNA), empresa Simone de Natividade e Escritório Azul Contabilidade: “A pesquisa contou também com levantamento e investigação histórica, realizada especialmente em documentos  do Acervo particular de Simone Camêlo Araújo, e de outras fontes, como da historiografia, especialmente a regional, textos de viajantes, memorialistas de modo a buscar compreender as dinâmicas sócio-históricas e culturais da ourivesaria, pois ela se configura como um patrimônio nativitano por congregar inúmeras outras expressões culturais da localidade que se expandem inclusive pelas regiões adjacentes da cidade”, pontuou Noeci.

    Entrega

    Professora Noeci, de azul, entrega Dossiê ao Iphan Tocantins (Foto:  Arquivo Pessoal)
    Professora Noeci, de azul, entrega Relatório Final ao Iphan Tocantins (Foto: Arquivo Pessoal)

    A pesquisa também promoveu a exposição fotográfica "Aqui tecemos hoje os tesouros de ontem" em setembro de 2023, como uma primeira devolutiva para a comunidade de Natividade, mobilizando os moradores para participarem ativamente. O eventou aguçou a expectativa dos nativitanos pelo reconhecimento da Ourivesaria de Natividade como bem cultural.

    No dia 14 de junho, haverá uma segunda devolutiva com a apresentação dos produtos finais da pesquisa, incluindo o texto do Dossiê de Registro e três catálogos: "A pele das joias", "Joias com versos de crianças" e "Ferramentas", além do documentário "Ourivesaria Artesanal de Natividade". O evento contará com a presença do IPHAN Tocantins, da equipe de pesquisa e do documentário, e da comunidade local.

    Em breve, o IPHAN Tocantins enviará os resultados da pesquisa para o Departamento de Patrimônio Imaterial (DPI) do IPHAN para avaliação pelo Conselho Consultivo do IPHAN. Se aprovado, o bem cultural Ourivesaria de Natividade será registrado como patrimônio cultural brasileiro, garantindo ações de salvaguarda para sua continuidade e tornando-se uma fonte de desenvolvimento regional, gerando renda, atraindo turistas e contribuindo para a valorização da diversidade cultural brasileira.

    A pesquisa

    Noeci explica que a pesquisa revelou que o gosto pelo uso de joias em Natividade tem origens longínquas e significam muitas coisas, além do caráter devocional que elas expressam: “Estão vinculadas às práticas da vida religiosa, desde os tempos do Brasil Colônia, seja a do cristianismo católico português ou a das religiões africanas ou ainda às suas formas híbridas, chamadas de religiões afrobrasileiras. Além da devoção, as joias confeccionadas em ouro possuem propriedades protetivas e curativas, resguardando seus usuários de mau-olhado e outros infortúnios, com poderes curativos sobre diversos males”.

    Outro ponto constatado foi que, as joias significam ainda o modos de ostentar riqueza e poder, assim como marcam os gêneros. “Quando nasce um menino numa família, ele ganha pingentes de pombinhas do Divino de presente e quando nasce uma menina ela costuma ser presenteada com uma peixinha com cachinho de uva”, explicou a pesquisadora. Além de símbolos como este da identidade nativitana, há o famoso pingentes de coração dependurados em colares ou em formato de brincos: “As mulheres são identificadas como nativitanas, nascidas na cidade que possui uma tradição ourivesareira única no Brasil, originada de tradições lusitanas”.

    Também foi identificado marcas de tradições africanas. “Muitos escravizados nas minas de ouro do período colonial vieram para o Brasil justamente pelos conhecimentos que detinham sobre a atividade mineradora em seus lugares de origem. Várias tipologias da joalheria de Natividade guardam semelhanças inequívocas com as joias de crioula, especialmente as oriundas da Bahia, dado o trânsito cultural e econômico entre o Sudeste do Tocantins e a região de Barra, no rio São Francisco”.

    Foto: Rafael Trapp

    A equipe conta que com o avanço desta pesquisa, a expectativa de reconhecimento do bem cultural por parte dos moradores de Natividade se intensifica, evidenciando o orgulho e a identidade cultural locais através da ourivesaria tradicional.

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    Tags:  Teatro,  Pesquisa,  Extensão.  
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