Esse site utiliza cookies
Pesquisa de mestrado propõe modelo de balanceamento de outorgas hídricas para região do Rio Formoso
Uma pesquisa de mestrado realizada no Programa de Pós-Graduação em Agroenergia Digital (PPGAD) da Universidade Federal do Tocantins (UFT) desenvolveu um modelo de balanceamento de outorgas hídricas para a região do Rio Formoso e Lagoa da Confusão, no Tocantins. A dissertação de Lucio Scartezini Lopes, orientada pelo professor Ary Henrique Morais, foi apresentada ao Naturatins, instituição responsável pelas outorgas e está alinhada com os próximos passos na gestão hídrica do Estado.
A pesquisa foi motivada pela crise hídrica de 2016, quando o Rio Formoso quase secou, levando à criação do projeto GAN (Gestão de Alto Nível) para monitorar as retiradas de água e controlar o uso dos recursos hídricos na região. A dissertação de Lucio Scartezini Lopes, mestre pelo PPGAD, analisou esses dados e propôs um modelo que visa adequar as outorgas em períodos de seca, permitindo a retirada mínima de água para cada produtor e incentivando a eficiência hídrica.
Segundo Lopes, a proposta surgiu de discussões com seu orientador, que participou do projeto GAN. “A ideia de trabalhar com a gestão hídrica veio do meu orientador, que me apresentou essa questão logo no início do mestrado. A proposta é viável e traz benefícios, pois estimula os produtores a aumentarem a eficiência do uso da água e ajuda a prevenir crises, como a que ocorreu em 2016 pela falta de controle. Este modelo complementa o sistema atual de monitoramento, que já é um grande avanço e é necessário para a emissão de novas outorgas. Agora, é preciso garantir que as retiradas atendam a critérios de eficiência, para que tenhamos água para todos e que, em eventuais períodos de seca, o governo possa gerenciar o uso do rio de forma sustentável,” explica.
Eficiência no uso da água
O modelo de balanceamento propõe que a eficiência do uso da água seja um dos critérios centrais para a concessão de outorgas, considerando o volume irrigado em relação à área produtiva. “O diferencial dessa pesquisa está em criar um critério de eficiência, garantindo que cada produtor tenha direito a uma retirada mínima de água, mesmo em períodos de restrição. Assim, incentivamos os produtores a usarem a água de forma mais eficiente, sem a necessidade de suspender todas as outorgas,” detalha o autor.
Mateus Chagas dos Santos, gerente de Controle e Uso dos Recursos Hídricos do Naturatins, vê na pesquisa uma contribuição essencial para a gestão de recursos hídricos no Estado. “Pesquisas como a do Lucio Scartezini são de grande relevância, pois oferecem uma análise aprofundada da bacia do Rio Formoso e destacam o uso do Sistema GAN, que monitora as outorgas em tempo real e permite o desenvolvimento de algoritmos de balanceamento. Esse monitoramento assegura uma utilização mais eficiente dos recursos hídricos e apoia a sustentabilidade das atividades agrícolas locais,” destaca Mateus.
Ele completa ainda que “a proposta deste trabalho exige um nível de monitoramento e controle mais elevado do que o existente, mas oferece contribuições ao considerar a eficiência da irrigação e ao propor que a produtividade seja levada em conta na outorga.”
Os resultados foram bem recebidos pelo Naturatins, que já considera a implementação de novos planos para cobrar pelo volume outorgado e melhorar a eficiência hídrica. A pesquisa deve contribuir para aprimorar a gestão da bacia do Rio Formoso, beneficiando tanto a agricultura local quanto a preservação dos recursos hídricos na região.
Esta pesquisa na área de gestão hídrica é parte de projeto de coordenado pelo prof. Ary Henrique, e contou com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Tocantins (Fapt).