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Em cerimônia de formalização de convênio, entidades falam em ampliar parceria para a realização do Exato
No dia em que começaram as inscrições para a segunda edição do Exame de Acesso ao Ensino Superior do Tocantins (Exato) - primeira do ano de 2025 - a Universidade Federal do Tocantins (UFT), a Universidade Federal do Norte do Tocantins (UFNT) e o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Tocantins (IFTO) oficializaram um convênio entre as três instituições federais de ensino superior do estado para a fortalecer o projeto. O termo de cooperação foi assinado pelo reitor da UFT, Luís Eduardo Bovolato, pelo pró-reitor de Graduação da UFNT, Braz Batista Vas, e pelo reitor do IFTO, Antonio da Luz Júnior, durante uma cerimônia realizada na manhã desta segunda-feira (24) no auditório da Reitoria da UFT.
O evento de apresentação do Exato contou com a presença de diversas entidades do estado e de municípios do Tocantins, incluindo legisladores nas esferas federal, estadual e municipal, representantes do governo do estado e da prefeitura de Palmas, da Polícia Militar e de outras instituições de ensino superior além das conveniadas. Nos bastidores, são discutidas possibilidades de articulação entre os diferentes agentes públicos para ampliação da abrangência da aplicação do Exame, que nesta primeira edição de 2025 ocorrerá em 14 municípios tocantinenses, no dia 18 de maio. Além disso, a adesão de outras instituições de ensino superior ao Exato, além das três federais do estado, não está descartada.
Criado para substituir os vestibulares tradicionais, o Exato é um exame que habilita os estudantes a participarem de diferentes processos seletivos para vagas em cursos de graduação, no ano corrente ou em anos subsequentes. Com a participação da UFT, da UFNT e do IFTO já confirmadas a partir de 2025, o Exato passa a representar, junto com o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e do Sistema de Seleção Unificada (SiSU), a principal porta de entrada para o ensino superior público no Tocantins.
O que dizem sobre o Exato
Durante a apresentação, o pró-reitor de Graduação da UFT e coordenador-geral do Exato, Eduardo Cezari, destacou a maratona de processos seletivos que os estudantes precisam encarar, pelo modelo tradicional de vestibulares, para tentar conquistar uma vaga em diferentes instituições de ensino superior, que no ano passado chegou a seis finais de semana consecutivos de provas, incluindo os dois domingos de aplicação do Enem.
Nesse contexto, para o reitor do IFTO, Antonio da Luz Júnior, muito mais do que uma simples forma de ingresso, o Exato representa uma ação de inclusão social que oferece soluções para várias questões relacionadas à ociosidade de vagas nas instituições de ensino superior que o projeto se propõe a enfrentar. "Esse é um projeto em que as instituições estão deixando o ego de lado em prol da sociedade. É um marco na história da Educação do Tocantins. E nós precisamos de parceiros. Essa iniciativa das instituições abre portas, mas sozinhos nós não conseguiremos atingir todo o potencial que esse projeto tem de levar o acesso ao Exato a todos os municípios tocantinenses", disse ele.
Na mesma linha, o pró-reitor de Graduação da UFNT, Braz Batista Vaz, que representou o reitor Airton Sieben, destacou que a educação é um projeto coletivo que deve envolver os diversos setores da sociedade. "Repensar o acesso é desafio que envolve muitas variáveis. [...] Muitos jovens hoje sequer cogitam fazer um curso superior, porque temos uma concorrência grande de alguns meios digitais que desviam muitos dos nossos jovens de uma formação sólida, com qualidade, e nós precisamos retomar esse público. O ensino precisa ser repensado no sentido de ofertar a esses jovens uma formação que os sirva nessa sociedade que está em mudança", pontuou.
O reitor da UFT, Luís Eduardo Bovolato, ressaltou o potencial de alcance social do projeto. "Agora nós precisamos de mais parceiros, do apoio dos deputados e senadores [...]. O Exato marca o pontapé inicial numa perspectiva de mudança na possibilidade de acesso, valorizando nosso currículo, a nossa gente, e nós esperamos que a partir dessa iniciativa nós tenhamos 100% das nossas vagas preenchidas", disse ele. "Um curso que oferece 30, 40 vagas e tem um preenchimento parcial, isso tem um custo para a sociedade, embora sejamos instituições públicas. E como o tributo é taxado no consumo também, mesmo o pagador de tributo pequenininho, aquelas pessoas que jamais tiveram a perspectiva ou sonharam em chegar na universidade, elas também contribuem para a manutenção disso. Então essa ação também é com respeito ao recurso público aplicado na educação", completou o reitor.
A pró-reitora de Extensão da UFT, Maria Santana Milhomem, destacou a responsabilidade social das instituições para garantir o direito à educação a todas as pessoas, especialmente as mais humildes. "Precisamos urgentemente de reafirmar esse compromisso das instituições de ensino superior do Tocantins. Nós queremos o mesmo público, mas também temos o mesmo objetivo: que o tocantinense e as pessoas de outros estados entrem no ensino superior. Aqui não há competição. É pra existir parceria. O que nós queremos é que as pessoas estejam fazendo o ensino superior. Essa é a nossa missão", enfatizou ela.
Para o reitor da Universidade de Gurupi (Unirg), Paulo Henrique Costa Mattos, também convidado para o evento, o Exato "é exatamente o que nós precisamos no Tocantins" diante do cenário que ele descreveu como "dramático" para as instituições públicas de ensino superior pela concorrência com as instituições particulares de ensino e pelo desinteresse de muitos jovens por cursos de graduação. Ele anunciou durante sua fala na cerimônia que a Unirg pretende aderir ao Exato e defendeu a ampliação do projeto. "Nós ficamos muito felizes de termos sido convidados e acho que temos que buscar a Unitins, buscar as outras universidades, no sentido de fazer um exame que seja estadual. Isso seria extraordinário e a gente acredita muito no potencial desse projeto para que o Tocantins possa se destacar cada vez mais com uma educação de qualidade, com pesquisa, extensão e desenvolvimento de ciência e tecnologia", afirmou.
A vice-reitora da Universidade Estadual do Tocantins (Unitins), Darlene Castro, participou do evento também representando o governador do estado, Wanderlei Barbosa. Ela reconheceu a importância do projeto para ampliar o acesso ao ensino superior no estado. "Nós precisamos mostrar para o estudante tocantinense que ele é capaz e que existem instituições de ensino superior para ele", afirmou.
Representando o prefeito Eduardo Siqueira Campos, Eduardo Azevedo, secretário de Igualdade Racial e Direitos Humanos de Palmas, e integrante do Coletivo Somos, que tem representação na Câmara de Vereadores do município, disse que a vereadora Thamires Lima vai propor uma audiência pública para debater o acesso ao ensino superior no legislativo municipal a fim de ampliar a visibilidade do Exato por meio dos vereadores, que têm contato direto com as comunidades. Ele sugeriu que o mesmo seja feito na Assembleia Legislativa do estado, e defendeu que as diferentes instituições unam forças para potencializar a divulgação do exame entre os seus públicos.
O deputado estadual Júnior Geo, disse que o Exato representa uma "posssibilidade gigantesca de dar continuidade a uma transformação nos mais diversos rincões do estado do Tocantins", e se colocou à disposição para somar esforços à proposta.
Representando os diretores de câmpus da UFT, a diretora do Câmpus de Porto Nacional, Etienne Fabrin, disse que o Exato representa uma esperança especialmente para os câmpus do interior, onde o esvaziamento de alguns cursos é sentido de forma mais intensa. Ela ressaltou, contudo, que a questão do acesso e permanência dos alunos vai além das formas de ingresso e seleção, lembrando que, em Porto Nacional, na falta de transporte público para que os estudantes chegassem até o câmpus, a própria Universidade precisou implantar uma linha de ônibus. "Diante desse e de muitos outros desafios, nós precisamos que cada ente público assuma sua responsabilidade", cobrou a diretora.
A coordenadora do Curso de Pedagogia do Câmpus de Palmas da UFT Kátia Brito, representando os coordenadores de curso, disse que a proposta do Exato é recebida com entusiasmo, principalmente por contemplar o currículo do Tocantins, por simplificar, para os estudantes, o processo de transição do ensino médio para o ensino superior e por permitir que os colegiados conheçam melhor a realidade de cada aluno ingressante, possibilitando um tratamento mais adequado. "O 'Estado avaliador' por vezes ignora o sujeito. Nós ficamos em função dele, de números, de escalas, e esquecemos que há ali um cidadão com direito à educação. E o Exato nos traz uma reflexão muito profunda sobre isso. [...] A avaliação não pode se distanciar do processo de ensino, mas também não pode se distanciar da realidade do aluno", sublinhou a professora.