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Curso gratuito de especialização em Estudos Latino-Americanos e Territorialidades lança edital para segunda turma
Serão abertas no dia 6 de junho e seguem até o dia 30 do mesmo mês as inscrições para a segunda turma do Curso de Especialização em Estudos Latino-Americanos e Territorialidades da Universidade Federal do Tocantins (PPGELAT/UFT). A pós-graduação lato sensu tem como objetivo geral promover a qualificação de profissionais para trabalhar junto aos estudantes de ensino fundamental e médio, além de outras pessoas interessadas em formação teórica neste nível. Para professores e professoras das redes públicas e privadas, o curso visa especialmente discutir as problemáticas e particularidades latino-americanas no âmbito da História, da Geografia, da Sociologia, da Arquitetura e do Urbanismo, do Direito, da Pedagogia e das Relações Internacionais.
O curso é totalmente gratuito e presencial, com aulas aos sábados nos turnos da manhã e da tarde no Câmpus de Palmas da UFT. O início das aulas está previsto para o dia 9 de agosto, e o encerramento para dezembro de 2026. Além da coordenadora Fabiana Scoleso, do Curso de Graduação em Relações Internacionais do Câmpus de Porto Nacional, o corpo docente do PPGELAT conta com as professoras Patrícia Orfila, do Curso de Arquitetura e Urbanismo, Graziella Reis, do Curso de Direito, Ana Lúcia Medeiros, do Curso de Ciências Econômicas, além de três novas professoras integradas para este segundo ciclo: Aline da Silva, mestre em Desenvolvimento Regional pela UFT que agora volta na condição de professora para essa especialização, Janaína Capistrano, do Curso de Ciências Sociais, e Olívia Campos Maia Pereira, também do Curso de Arquitetura e Urbanismo.
Pessoas graduadas em qualquer área do conhecimento podem se inscrever para concorrer às 40 vagas ofertadas. A seleção dos estudantes será realizada por meio de análise de currículo e de carta de intenção elaborada pelos candidatos e pelas candidatas. Mais informações podem ser obtidas no edital e pelo e-mail ppgelat@uft.edu.br.
O primeiro ciclo de estudos teve participações internacionais importantes, como a da artista mexicana Taimy Pérez, por videoconferência, e a do cientista social e advogado peruano Brian Rey, presencialmente. A professora Graziella Reis destaca a importância dessas diferentes contribuições e da interdisciplinaridade: "Essa experiência com a pós-graduação de Estudos Latino-Americanos e Territorialidades é muito rica! Existem afinidades entre os países da América Latina e Caribe, sobretudo essa economia dependente, e afinidades que estão aí nas bases das violências estruturais. Então, economia, sociologia, antropologia, história, ciência política, direito, todas essas áreas e ciências dialogam para uma compreensão mais densa da nossa própria identidade latino-americana e caribenha e da própria importância desses estudos latino-americanistas para a formação acadêmica, inclusive em pós-graduação, de todas essas áreas. Então é uma riqueza, e é também uma descoberta, porque são vários fatores históricos, geográficos, econômicos, culturais, que nos identificam, que nos aproximam e que evidenciam quais são os caminhos que as ciências devem buscar para que haja proposições para uma melhor realidade latino-americanista", pontua ela.
Três perguntas para a coordenadora Fabiana Scoleso:
Esta vai ser a segunda turma do curso. Qual avaliação você faz da primeira turma que se formou?
A primeira turma foi um sucesso, a gente conseguiu ter uma procura, uma busca muito grande pelo curso, o que demonstra a necessidade de fazermos um debate mais centralizado sobre a América Latina e o Caribe. Entraram 40 alunos e no final do curso nós formamos 17. Ainda assim a gente considera um número bastante expressivo e importante, nesse sentido é que a gente decidiu lançar a segunda turma, até pela procura que o curso teve e tem tido nas redes sociais e também por e-mail. Achamos interessante manter a nossa pós-graduação, a especialização em Estudos Latino-Americanos e Territorialidades, para continuar atendendo professoras, professores da rede pública, da rede privada, a todas aquelas e aqueles interessados em fazer esse debate crítico sobre a América Latina e o Caribe.
Que tipo de debates foram suscitados no primeiro ciclo de estudos?
Os debates que permearam o curso giraram em torno da política, da economia, da sociedade, da cultura latino-americana e de outros tantos temas que também foram fundamentais e que têm sido pilares dentro do PPC do nosso curso, que é a arquitetura latino-americana, que é o feminismo latino-americano, que são as lutas antirracistas na América Latina e no Caribe. Esses são aspectos que têm permeado todas as disciplinas e que perpassaram grande parte do nosso curso com o objetivo de trazer e oferecer para os nossos estudantes novas epistemologias que pudessem colocar à luz temas que durante muito tempo foram invisibilizados.
O Brasil e os brasileiros, não falando espanhol, muitas vezes se enxergam distantes da "América Latina" e se identificam muito mais com países da Europa, por exemplo, até por conta do histórico de imigração. Nesse sentido, qual a importância desses debates que o curso do PPGELAT tenta fomentar e também do reconhecimento dessa "latinidade"?
É evidente que o Brasil faz parte da América Latina, mas quando a gente trata dessa questão da identidade, há um grande distanciamento. E essa dificuldade é uma dificuldade histórica que está ligada tanto ao período colonial quanto ao pós-colonial, ou seja, o sistema colonial que desenvolveu o pensamento, desenvolveu a economia, desenvolveu as hierarquias sociais dentro dos nossos territórios e pós-colonial, quando o território latino-americano continuou a ser tratado como uma periferia, integrada economicamente ao sistema internacional de forma subordinada. A construção, então, de uma identidade latino-americana, por parte dos brasileiros, está enraizada na história da formação do subcontinente. Então, a América Latina é uma região que vai muito além de uma integração de infraestrutura ou de economia dos países que compõem essa região. E o curso se preocupa em discutir essas raízes, as raízes históricas da formação da América Latina, e principalmente problematizar o conceito de América Latina, evidenciando todas as matrizes que foram invisibilizadas até então. Então, quando a gente coloca o quadro do Torres Garcia, feito em 1943, conhecido como América Invertida, a gente está propondo um olhar diferenciado sobre a América Latina, entendendo que as suas veias continuam abertas e, portanto, passíveis de interpretação, e que essas interpretações sobre a América Latina possam acontecer também a partir de outras e novas epistemologias.