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Criative-se encerra 1º Encontro de Economia Criativa das Serras Gerais com rede fortalecida e protagonismo local
A Incubadora Criative-se realizou, nos dias 24 e 25 de novembro, o 1º Encontro de Economia Criativa das Serras Gerais, no Câmpus Arraias, reunindo empreendedores, artistas, pesquisadores e moradores interessados em fortalecer a produção cultural do território. O evento funcionou como a culminância de quatro meses de formação e abriu espaço para trocas de experiências, apresentações e debates sobre patrimônio, inovação e valorização das tradições locais.
A Incubadora Criative-se pertence ao curso de Turismo Patrimonial e Socioambiental.
A programação contou com oficinas práticas, roda de conversa, feira de negócios, sessões de pitch e um momento cultural dedicado às bandeiras do Divino. Para quem participou do processo formativo desde agosto, o encontro marcou uma virada de chave ao aproximar diferentes atores e dar visibilidade a iniciativas já consolidadas ou ainda em fase de construção.
“Ciclo de formação que vira ponto de encontro”
A professora Ana Paula Garcia, do curso de Turismo da UFT e uma das mentoras da Criative-se, destacou que o evento coroou um percurso de quatro meses dividido em três módulos: empreendedorismo e economia criativa; gastronomia criativa; e mídias e marketing digital.
Segundo ela, cerca de 70 pessoas participaram das capacitações oferecidas pela incubadora, vindas de Arraias, Aurora, Chapada de Natividade e Novo Jardim. “Esse evento fecha o ciclo. Aqui, eles conseguem se conhecer, mostrar seus produtos, fortalecer redes e acessar nossa estrutura. A incubadora existe para isso: acolher novos projetos, dar suporte e trazer inovação a partir do que já temos no nosso quintal”, afirmou.
O encontro também expôs produtos feitos por egressos, estudantes e moradores, com destaque especial para itens baseados em ingredientes do Cerrado.
Patrimônio como força coletiva
Entre as convidadas da abertura, Maryclea Maués, do Iphan, apresentou a pesquisa nacional sobre sustentabilidade no patrimônio cultural e explicou que políticas para o setor precisam ser construídas caso a caso, ouvindo cada comunidade.
“Estamos investigando como os grupos se relacionam com seus bens culturais e como podemos ajudar a construir políticas que reforcem a sustentabilidade. Não existe receita pronta. Formação, conhecimento e diversidade de fontes de financiamento são caminhos importantes para apoiar territórios como Arraias, que têm forte presença de tradições e uma história viva”, explicou.
Tradições que pedem continuidade
Moradora de Arraias há seis décadas, Dona Ivanyr reforçou a importância de iniciativas que incentivem os mais jovens a retomarem práticas tradicionais. Ela citou alimentos e produtos que vêm desaparecendo, como a paçoca artesanal, a cachaça local e a farinha produzida de forma rústica.
“É tudo coisa simples, que sempre existiu. Mas muitos jovens não aprenderam a fazer. A gente tinha de tudo na zona rural; hoje muita gente vem à cidade comprar o que antes produzia. Cursos e incentivos podem ajudar a trazer isso de volta”, comentou.
Espaço para mostrar, testar e crescer
O encerramento reuniu os empreendedores em uma feira de negócios, seguida de pitches curtos para apresentação de ideias, produtos e iniciativas criativas. Participantes em fases diferentes — desde projetos embrionários até negócios já consolidados — puderam trocar experiências e buscar novas parcerias.
Para a Incubadora Criative-se, o encontro consolidou o papel da economia criativa como estratégia de desenvolvimento regional e reforçou a importância de apoiar saberes, identidades e práticas que fazem das Serras Gerais um território singular.