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40 anos que transformaram o curso de Geografia em Porto Nacional
O curso de Geografia de Porto Nacional completa 40 anos em 2025. A história começou ainda na Faculdades de Filosofia do Norte Goiano (Fafing), em 1985, passou pela Unitins com a criação do Estado do Tocantins, e chegou à Universidade Federal do Tocantins (UFT), em 2003. Ao longo dessas décadas, o curso acompanhou as mudanças políticas, sociais, científicas e territoriais do próprio estado que ajudou a formar.
O evento comemorativo “40 anos dos cursos de Geografia em Porto Nacional e Semana de Geografia da UFT” busca revisitar essa história, dar visibilidade à produção acadêmica, reunir egressos e fortalecer o sentimento de pertencimento entre estudantes, professores e profissionais da Geografia.
A abertura contou com a palestra do professor Antônio José Teixeira Guerra (UFRJ), com o tema “Quem é o vilão do clima?”.
TRAJETÓRIA PROFISSIONAL E LEMBRANÇA MARCANTE
A professora Marciléia Oliveira Bispo chegou ao curso ainda como aluna, em 1992, na época da Unitins, e se tornou professora da UFT em 2010. “Eu sou uma ingressa do curso, fiz quando era Unitins, e retorno com UFT”, recorda. Entre tantas memórias, ela destaca um momento que mudou sua vida acadêmica: “Fui a primeira aluna do curso a defender o bacharelado. Isso pra mim foi muito marcante naquele momento”.
A professora Vera Lúcia Aires iniciou em 1987, quando tudo ainda estava começando no norte goiano. “Nós éramos os pioneiros do ensino superior”, relembra. Ela se define como o “dinossauro” do curso e guarda a criação da UFT como uma virada histórica: “O início da UFT foi o que mais marcou, porque aos poucos nós fomos nos adaptando”.
O professor Elizeu Ribeiro Lira começou a dar aula na Geografia ainda na FAFING, no período de transição para a Unitins. “Desde esse período eu dou aula na Geografia, da história do pensamento geográfico e geografia agrária”, conta. Para ele, a federalização foi um divisor de tempos: “O passo mais importante que o curso tem dado foi ter sido federalizado”.
O professor Clóvis Cruvinel, coordenador do curso, chegou em 2007 como substituto e, depois, efetivo. “São praticamente 17 anos que eu estou aqui”, afirma. Uma de suas lembranças mais fortes é o primeiro trabalho de campo com os estudantes: “Foi emocionante levar alunos que nunca tinham saído de Porto Nacional e ver os olhos marejados ao conhecer o Jalapão, que é deles”.
TRANSFORMAÇÕES
Marciléia lembra que, quando era estudante, o Câmpus tinha apenas três prédios. “Hoje temos diversos prédios no Câmpus de Porto Nacional”. Ela destaca ainda o acesso a bolsas e o impacto do programa de pós-graduação: “Hoje nós temos um mestrado que já tem 12 anos de existência”.
Vera Lúcia também reconhece crescimento, mesmo em meio a desafios: “Teve transformações e teve retrocessos. Federalizou aos trancos e barrancos”. Ela destaca o fortalecimento da formação: “Hoje é um Câmpus eminentemente de doutores e pós-doutores”.
Elizeu reforça que o curso acompanhou a transformação do próprio Tocantins. “A Geografia tem modernizado assim como a sociedade tocantinense, ela tem se transformado de acordo com a sociedade”. Para ele, a chegada da UFT trouxe nova dinâmica: “Chegou muita gente nova, e as pessoas que chegam trazem conteúdos novos também para o curso”.
Clóvis destaca que sua própria identidade mudou ao viver a Geografia dentro do Tocantins: “Eu venho do sul, então é outra cultura. O público daqui eu passei a aprender com ele também”.
GEOGRAFIA E O DESENVOLVIMENTO DO TOCANTINS
Além de produzir pesquisa, o curso formou professores e técnicos que hoje atuam em escolas, órgãos públicos e instituições do estado. Elizeu define isso como uma contribuição estrutural: “O legado mais importante é contribuir com a formação educacional do Estado”.
Clóvis também vê essa construção coletiva como parte de um impacto que é social, territorial e afetivo: “Fazer parte de uma história é um presente”.
São 40 anos que não contam apenas o passado do curso, mas ajudam a explicar parte da própria construção do Tocantins. E essa história segue em movimento — com novos estudantes, novas gerações e novas perguntas sobre o território que aqui se aprende, se pesquisa e se transforma.