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    Quem matou Odete Roitman?
    PONTO DE VISTA

    Quem matou Odete Roitman?

    José Gerley Díaz Castro analisa as fronteiras entre o rigor científico e os riscos do cientificismo

    Por  José Gerley Díaz Castro e | Revisão: Paulo Aires  | Publicado em 14/10/2025 - 16:51  | Atualizado em 14/10/2025 - 17:55
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    A pergunta “Quem matou Odete Roitman?” é apenas um pretexto para discutir um enigma ainda mais profundo: o dilema científico de aceitar ou rejeitar a hipótese nula (Ho). Assim como uma juíza diante de um crime sem provas conclusivas, a pesquisadora também precisa decidir se rejeita a inocência de uma hipótese — e corre o risco de condenar injustamente uma ideia verdadeira — ou se a mantém, deixando talvez escapar uma descoberta importante.

    No campo da estatística, chamamos de erro tipo I o ato de rejeitar a hipótese nula quando ela é verdadeira — condenar uma inocente. Já o erro tipo II ocorre ao não rejeitar uma hipótese falsa — absolver uma culpada. Em termos éticos, é mais justo não condenar uma inocente, ainda que algumas culpadas fiquem livres. No entanto, a ciência moderna, movida pelo produtivismo e pela ideologia do progresso, frequentemente inverte essa lógica. O cientificismo, travestido de neutralidade, prefere arriscar o erro tipo II em nome da inovação, acreditando que toda novidade tecnológica é, até que se prove o contrário, essencialmente positiva para o progresso.

    Essa crença, fruto do fetiche tecnológico, faz com que a precaução seja substituída pelo otimismo. Assim, agrotóxicos, transgênicos, aditivos e edulcorantes são liberados sob o argumento de que “não há provas suficientes de dano”, ignorando que “a ausência de evidência não é evidência de ausência”. O dilema da juíza, portanto, repete-se na pesquisadora: é mais prudente proteger a vida diante da incerteza do que entregar-se à lógica de que o desenvolvimento justifica o risco.

    Como lembram as críticas ao paradigma moderno, o verdadeiro progresso deveria reconhecer a dialética entre produção e destruição, e não mascará-la sob o manto da eficiência científica. Rejeitar o cientificismo é, afinal, afirmar o direito à dúvida e à cautela, antes que seja tarde demais.

    Se minha “isca” foi boa, você verificou que todo o texto foi escrito no feminino, pois se refere a pessoas, e na língua portuguesa o masculino foi historicamente tomado como universal.

    Conforme as diretrizes estabelecidas, os textos publicados na seção Ponto de Vista do Portal UFT são de responsabilidade de seus autores e autoras. As opiniões expressas nestes artigos são pessoais e não refletem, necessariamente, o posicionamento institucional da Universidade.

    Sobre o autor

    José Gerley Díaz Castro

    José Gerley Díaz Castro é doutor em Biologia pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia; Professor titular da UFT, Câmpus de Palmas, no curso de Nutrição e no Programa de Pós-Graduação Profissional em Ciências da Saúde (PPGCS).

    E-mail: diazcastro@uft.edu.br.
    Lattes: http://lattes.cnpq.br/7437848258885562

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