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    Egresso da Filosofia, mestrando da UFT e professor da rede pública organizou mutirão para inscrever alunos no Exato
    INICIATIVA

    Egresso da Filosofia, mestrando da UFT e professor da rede pública organizou mutirão para inscrever alunos no Exato

    Apesar da proximidade, maioria dos estudantes não conhecia a Universidade e as possibilidades de ingresso no ensino superior público federal

    Por  Bianca Zanella  | Publicado em 28/05/2025 - 21:02  | Atualizado em 29/05/2025 - 01:55
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    Alunos da Escola Cívico Militar Vila União, em Palmas, tiveram no mês passado uma aula de Filosofia diferente: uma aula prática. Com computadores e o auxílio do professor da turma e de estudantes do Curso de Licenciatura em Filosofia da Universidade Federal do Tocantins (UFT), eles puderam realizar suas inscrições para o Exato - o Exame de Acesso ao Ensino Superior do Tocantins. O professor dessa turma é João Vitor dos Santos, egresso do curso de Filosofia da UFT, hoje mestrando em Filosofia na instituição e supervisor do Piip (Programa Institucional de Inovação Pedagógica) e do Pibid (Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência) na escola onde trabalha.

    Mesmo os alunos que não fizeram a inscrição para o exame aproveitaram a aula de filosofia "diferente" para refletir sobre o futuro, o mundo do trabalho e as condições sociais. (Foto: Divulgação)

    Ele conta que a ideia de organizar o mutirão de inscrições para o Exato em sala de aula surgiu da percepção de que muitos dos seus estudantes não conheciam as possibilidades de ingressar em uma universidade pública, ou sequer cogitavam a perspectiva de continuar estudando depois do ensino médio. E o plano começou a ser colocado em prática com um simples banner...

    O professor sabia que o prazo de inscrições do Exato estava nos últimos dias, pediu para a direção imprimir um banner com informações sobre o exame e pendurou na escola. Isso bastou para despertar a curiosidade dos estudantes, que logo começaram a fazer aquilo que os professores de filosofia mais gostam: perguntas!

    Quando os estudantes começaram a perguntar, o professor aproveitou a deixa: "Eles primeiro perguntaram o que era o Exato. Aí eu expliquei para eles, abri o site, falei que o exame permite o acesso ao ensino superior público do Tocantins, que ele surgiu para substituir o vestibular, que são várias instituições participantes... [...] Expliquei o sistema, como funciona, falei dos cursos que tem na UFT, no IFTO e na UFNT. Falei das possibilidades de bolsa, do preço da comida no RU, do auxílio estudantil, do auxílio moradia, dos eventos que se pode participar, das possibilidades de viagem, dos jogos que tem na universidade (e até mesmo algumas festas)... Falei assim para eles tentarem ter um vislumbre do que é a universidade", conta ele.

    Uma vez conquistada a atenção da audiência, o próximo passo foi fazer a leitura do edital e auxiliá-los no processo de inscrição. Da turma, sete alunos efetuaram a inscrição. O número parece pequeno, mas é significativo no contexto da escola, que fica localizada em uma região periférica de Palmas (Quadra 307 Norte) e onde a maioria dos estudantes é de famílias de baixa renda. "Outras escolas aqui do estado tem um perfil mais preparatório para o Enem e o vestibular. Eu imagino, por exemplo, que se essa ação fosse feita no Elisângela [Escola Estadual Professora Elizângela Glória Cardoso] ou no Colégio Militar da 206 Norte, talvez a maioria dos alunos teria se inscrito, né? Só que aqui a escola tem muitos estudantes que trabalham para ajudar os pais, que moram na fazenda... [...] A escola tem muitos estudantes que moram em Luzimangues, e muitos deles vêm só por obrigação. [...] Então o perfil é aquele que a pesquisadora e professora Mônica Ribeiro fala, que apenas 20% dos estudantes da escola pública entram na universidade. [A maioria dos estudantes] prefere a imediatez do trabalho, da grana caindo todo mês, porque eles precisam trabalhar ou já estão fazendo outras coisas que vão seguir nesse rumo. Soa até um pouco triste e nós como professores tentamos superar isso. Ou lidar junto, ajudar os estudantes a lidarem com essas questões e valorizarem o ensino superior para entrarem na universidade", desabafa o professor.

    Mesmo com as dificuldades, ele persiste no propósito na escola que fica tão perto, e ao mesmo tão distante da realidade universitária. "Eu acredito que de todas as escolas do Estado, essa é a mais próxima da UFT. E ano passado, meu primeiro ano aqui, eles foram pela primeira vez na UFT, participar da Olimpíada de Filosofia. Como que estudando tão perto eles não conheciam a UFT, né? Agora vamos novamente participar do Tour no Câmpus. Todo evento que tem na UFT eu tento levar os estudantes ou falar para eles, apresentar as possibilidades".

    Para o professor João Vítor, mais do que entender o processo de inscrição no Exato, os estudantes precisam conhecer a Universidade e entender como o Exato pode ter impactos significativos no futuro. É essa a mensagem que ele tenta multiplicar na escola.

    "Eu valorizo demais a universidade enquanto fruto dela e também como filósofo, pesquisador, e tento fazer com que os estudantes vislumbrem e conheçam essa possibilidade. [...] Uma das perguntas que eu já ouvi aqui é se na faculdade pública se paga a mensalidade. Para mim, ouvir isso é hediondo. É preciso que todos os estudantes saibam que a universidade pública é gratuita e que você pode ganhar bolsa para estudar, que você não vai pagar. Então a gente vai quebrando alguns pensamentos ou algumas coisas que limitam, muitas vezes, os estudantes, que não conhecem mesmo a universidade. Primeiro é preciso conhecer para depois despertar o interesse, fazendo aquele trabalho de formiguinha. Todo ano uma coisa nova, um contato novo com a universidade."

    Para os alunos que não fizeram a inscrição no Exato, a aula não deixou de oferecer aprendizados importantes. "Reconhecendo o caráter único que temos de escolher uma profissão, foi uma oportunidade para todos refletirem sobre liberdade, acesso à universidade, mundo do trabalho, desejos, etc. Associando o desenvolvimento dessas ideias e conceitos ao pensamento filosófico foi possível desenvolver, além das inscrições, um espírito crítico e reflexivo sobre algumas das condições atuais de nossa sociedade", arremata o professor nota 10 em iniciativas didáticas e inclusivas.

    Sobre o Exato

    A prova da primeira edição do Exato de 2025 foi realizada no dia 18 de maio. Os participantes agora aguardam a divulgação dos resultados (boletins de desempenho para consulta individual), prevista no cronograma para o dia 10 de junho, e depois a publicação dos editais dos processos seletivos das instituições conveniadas que utilizarão as notas do exame. Para o segundo semestre deste ano, está prevista a oferta de mais de 1,4 mil vagas pela nota do Exato.

    A segunda edição do Exato de 2025 está marcada para o dia 19 de outubro. As inscrições devem começar em agosto, mas o edital ainda não foi publicado.

    A Comissão Organizadora do Exato ressalta a importância de iniciativas como a do professor João Vítor para o êxito do projeto. "Como experiência, nós realizamos um primeiro encontro virtual com educadores de diversas cidades do estado para conversar com eles, apresentar o Exato e esclarecer dúvidas durante o período de inscrições da primeira edição de 2025, em março, para que eles pudessem repassar essas informações aos alunos. Acreditamos que os professores são o nosso elo mais forte com o público do Exato, que são os estudantes de ensino médio, e queremos apoiar ainda mais essas iniciativas para que elas se multipliquem pelas escolas e tornem o Exato e o ensino superior público do Tocantins cada vez mais inclusivos", afirmou o coordenador-geral do projeto e pró-reitor de Graduação da UFT, Eduardo Cezari.


    Tags:  Estude na UFT,  Exato,  Graduação,  Prograd,  Palmas,  Inclusão,  Filosofia,  PPGFIL,  Prof-Filo.  
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