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COP30: Um marco de participação e compromisso com o futuro
A COP30, realizada em Belém, tem sido acompanhada por relatos que destacam desafios e tensões próprias de um evento global dessa magnitude. Mas, para quem viveu de perto sua organização e suas múltiplas agendas, a impressão é outra: trata-se de uma conferência bem estruturada, diversa e muito necessária. A COP30 tem mostrado que a Amazônia não é apenas um tema das negociações, mas um território, que acolhe o mundo com generosidade e protagonismo.
Entre as muitas vozes presentes, uma se destacou de forma inédita: a participação direta de crianças e adolescentes. Em um momento decisivo para o planeta, reconhecer que elas são o futuro e também o presente, é um gesto político e ético. Sua inclusão qualificada nas discussões climáticas representa um marco, e nos lembra que suas percepções, medos e sonhos precisam ser seriamente considerados.
Nesse contexto, o Museu das Águas Brasileiras (UFT), em parceria com o Instituto Alana, coordenou a iniciativa “Cartas para a COP”, que reuniu cerca de mil cartas de crianças do Brasil e de outros países. Nessas mensagens, elas compartilham preocupações e propostas sobre clima, água, direitos e futuro. É um material sensível, potente e profundamente humano.
Todas as cartas estão sendo lidas antes de sua entrega à Presidência da COP30. Essa leitura prévia não é um filtro de conteúdo: é uma exigência ética e legal. Segue princípios da proteção integral assegurados pelo Estatuto da Criança e do Adolescente e pela Convenção sobre os Direitos da Criança da ONU. É nosso dever garantir confidencialidade, cuidado, segurança e respeito à voz dessas crianças.
O museu, como parte das programações paralelas, também participou do projeto Banzeiro da Esperança, da Fundação Amazônia Sustentável, contribuindo para a formação de jovens e lideranças dos povos da floresta. Essa experiência ampliou a força das narrativas amazônicas e reforçou a importância de incluir aqueles que vivem e defendem o território como protagonistas das soluções climáticas.
Outro momento marcante foi a exposição “Vamos Falar Sobre Água”, organizada no Museu de Arte de Belém (Mabe), em parceria com o Instituto Mundo. O evento reuniu especialistas, artistas, jovens lideranças e a Rede Internacional de Museus da Água. Foi um espaço de diálogo sobre água, cultura e escassez hídrica, reafirmando o papel dos museus na educação, na ciência cidadã e na mobilização social.
Apesar das críticas e dificuldades naturais, considero a COP30 um evento bem-sucedido, plural e inspirador. Suas agendas, debates e encontros mostram que o Brasil tem capacidade institucional e sensibilidade humana para liderar temas ambientais globalmente. A mensagem que fica é simples: não há futuro climático possível sem ouvir as crianças, sem fortalecer a juventude, sem respeitar a floresta e sem proteger a água.
A COP30 tem sido, para mim, um espaço de esperança ativa. Uma esperança que chama à ação responsável, sensível e coletiva. E que se renova na confiança que quase mil crianças depositaram ao escrever suas cartas e compartilhar seus sonhos conosco.
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