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COP30: O apelo por adaptação climática no Tocantins
O que fizemos para chegar até aqui? O que é realmente desenvolvimento? Que tipo de futuro almejamos? O que sabemos é que a crise climática causada por ações humanas é um consenso científico e vem piorando em uma velocidade muito maior do que se esperava, isso segundo o grupo de pesquisadores do Painel Intergovernamental das Mudanças Climáticas (IPCC, sigla em inglês) da Organização das Nações Unidas (ONU).
Estive em Belém, entre os dias 10 e 21 de novembro de 2025, para acompanhar a reunião global de negociações e debates a respeito da crise climática, a COP30. Foi minha segunda COP representando a Coalizão Vozes do Tocantins por Justiça Climática, já que participei também da COP28, realizada em Dubai em 2023. Os eventos, no entanto, foram bastante diferentes, especialmente pela realização no Brasil, um país democrático; e na Amazônia, bioma que dá aula sobre calor, chuvas intensas e alagamentos.
Esses eventos climáticos, cada vez mais intensos e frequentes, deixaram de ser uma projeção do futuro e são agora nosso presente. Já sentimos como esquentou, e sabemos como isso não é natural. Ondas de calor, inclusive, são o evento climático extremo que mais causa mortes pelo mundo, mesmo sendo um dado subnotificado devido às limitações em países mais pobres. E por estarmos em uma região naturalmente quente, qualquer acréscimo pode ser um risco fatal, especialmente para crianças e idosos, mas também para a produção de alimentos, disponibilidade de água e acesso à saúde, sobrecarregado.
Por isso, a mensagem levada pela delegação Vozes do Tocantins e outros movimentos, foi a da necessidade de justiça climática, compreendendo que as pessoas e países que menos contribuíram com a crise, são as mais afetadas. São as pessoas racializadas negras e indígenas, camponeses, pescadores, moradores de periferias, entre outros, os mais vulneráveis e com menos capacidades de deslocamentos, enquanto os causadores da crise são grandes empresas e pessoas mais ricas, que podem explorar e ir embora, deixando rastros de destruição.
A adaptação climática é uma forma de resistência para reduzir essas vulnerabilidades e o agravamento das desigualdades sociais. São exemplos: o fortalecimento da agricultura familiar para diversificar a produção de alimentos; o investimento em transporte público para garantir direitos à classe trabalhadora; a manutenção de bancos de sementes para garantir culturas para a posterioridade, a transição energética justa, entre outras iniciativas que coloquem o bem-estar da sociedade em primeiro lugar.
O Estado do Tocantins, nesse contexto, precisa se posicionar de forma coerente com a realidade atual e garantir a sobrevivência de seu território e população. Gosto de pensar que o sentimento correto para se evocar sobre a crise do clima não é o medo ou a esperança, mas a indignação pela inação; e para agirmos todos precisam se envolver. Sociedade civil, governos, empresas, pesquisadores. E lembrar que o problema é global, mas precisamos pensar local. É sobre a nossa água, a nossa saúde e a nossa alimentação. O Tocantins vale a pena.
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Sobre a autora
Sarah Tamioso é jornalista e mestranda em Ciências do Ambiente pela Universidade Federal do Tocantins (UFT). É comunicadora da Coalizão Vozes do Tocantins por Justiça Climática e integra também a Associação Onça D’Água e as redes de juventude AVINC, Engajamundo, Rede Cerrado e Youth Climate Leaders (YCL).
E-mail: stamiosob@gmail.com