Esse site utiliza cookies
UFT promove vivência formativa com lideranças quilombolas no Quilombo Kalunga
Nos dias 28 e 29 de junho, o território Kalunga, na comunidade Riachão, em Monte Alegre de Goiás, sediou atividade pedagógica e cultural promovida pelo curso de Licenciatura em Educação Escolar Quilombola, da Universidade Federal do Tocantins (UFT). A Culminância do Tempo Quilombo, primeira edição do semestre de 2025, foi uma ação fundamental para a formação docente voltada à realidade quilombola. O evento teve como destaque a presença da formadora quilombola Doutora Honoris Causa Procópia dos Santos Rosa, que ministrou uma aula. Procópia é doutora pela Universidade Estadual de Goiás (UEG), uma das maiores lideranças de seu povo, com projeção internacional, e uma das principais vozes do povo Kalunga.
Além da aula, o momento contou com rodas de conversa com lideranças Kalunga e atividades como oficina de tranças, visita ao Museu Procópia e apresentações culturais de Sussa e Boilé, manifestações tradicionais do território.
O coordenador do curso de Licenciatura em Educação Escolar Quilombola, Kaled Sulaiman, comenta sobre sua experiência durante o evento e destaca a importância de momentos como esse. “Participar de atividades com mestres dos saberes da tradição, como a Dona Procópia, para mim é muito importante, porque é a oportunidade de vislumbrar e aprender os conhecimentos que essas comunidades desenvolveram ao longo da história. Saberes que estão presentes, sobretudo, nas práticas e na oralidade.
A Dana Procópia, como guardiã desses saberes, transmite o que essas comunidades construíram: conhecimentos, formas de organização social e modos de produção. São saberes essenciais para a continuidade da vida em todas as suas dimensões desde a produção de alimentos, vestuário e moradias até tudo o que é necessário para viver”, comenta.
Ele também ressaltou a participação dos estudantes e a importância dessas experiências para a formação acadêmica. “Para os estudantes, momentos assim são valiosos porque permitem uma formação em diálogo com seus territórios. É na junção entre os saberes da tradição e os saberes acadêmicos, científicos e escolares que as relações de aprendizagem se fortalecem. Trata-se de uma formação em nível superior, voltada para a docência, mas construída a partir dos territórios e em diálogo com os saberes tradicionais de diferentes comunidades. Esta atividade, por exemplo, foi realizada no território Kalunga, onde temos estudantes originários. Mas também já aconteceu e continuará acontecendo em outros territórios de onde vêm nossos alunos. A maior importância está nessa reconexão entre o conhecimento tradicional e o acadêmico. Sem isso, dificilmente eles conseguirão avançar e atuar de forma significativa nas salas de aula, tanto dentro quanto fora dos territórios”, afirma.