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Presença de professores indígenas impulsiona a valorização cultural na UFT
No primeiro semestre de 2025, a Universidade Federal do Tocantins (UFT) viveu um marco inédito em sua trajetória ao consolidar a inclusão de docentes indígenas em seu corpo acadêmico, por meio do curso de Licenciatura Intercultural Indígena ofertado pelo Parfor (Programa Nacional de Formação de Professores da Educação Básica). Pela primeira vez, dois professores indígenas assumiram a docência na instituição: Armando Sõpré Xerente e Marcos Swate Xerente, ambos pertencentes ao povo Akwẽ-Xerente, de Tocantínia - TO.
Selecionados no último edital do Parfor, os dois educadores protagonizaram um passo decisivo para o fortalecimento da representatividade indígena na UFT. Armando Sõpré é graduado em Licenciatura Intercultural pela Universidade Federal de Goiás (UFG), mestre em Linguística pela Universidade de Brasília (UnB) e o primeiro doutor em Educação pela UFT. Já Marcos Swate possui graduação em Serviço Social pela UFT, licenciatura intercultural pela UFG e está concluindo o mestrado em Educação.
Para a estudante indígena Liliane Krahô, a presença dos educadores deve ser celebrada por representar o impacto positivo de suas trajetórias: “A presença deles conosco, na Universidade, é a prova de que nós, indígenas, podemos estar nesse lugar e devemos lutar para permanecer aqui. Foi um momento inspirador”, afirmou.
As aulas ministradas por Armando e Marcos mergulharam no tema da valorização da educação indígena na formação docente. Os professores exploraram os ricos saberes ancestrais e os desafios persistentes enfrentados nas aldeias para descolonizar o ensino. O foco principal foi ressaltar a educação indígena não apenas como forma de vida, mas também como um pilar essencial de resistência e fortalecimento cultural.
A professora e coordenadora do curso, Reijane Pinheiro, enfatizou a importância do protagonismo indígena junto à formação docente. “O objetivo do curso é contribuir com o protagonismo indígena na educação. Contaremos, ao longo do processo, com professores e mestres indígenas, tanto os que possuem formação acadêmica quanto os detentores de saberes tradicionais, que têm presença garantida no nosso Projeto Pedagógico. A proposta é investir numa formação decolonial, que inverta a lógica histórica de subalternização dos saberes indígenas”, explicou.
Marcos Swale considera sua atuação como docente na UFT um marco significativo pois é a concretização de um sonho e início de uma missão. “Toda a minha formação, os desafios enfrentados e as conquistas têm como objetivo colaborar com o fortalecimento da cultura e das lutas indígenas”, afirmou.
Já o professor Armando Sõpré reforçou o papel dos povos indígenas na produção científica e na construção de um mundo melhor. “Nós somos capazes, somos cientistas e queremos divulgar os nossos saberes. Estar na UFT e em outros espaços acadêmicos é muito importante, pois queremos melhorar o mundo para todos, não apenas para os indígenas”, disse.
A chegada desses dois professores marca um avanço decisivo para a UFT, ao impulsionar a construção de um ambiente acadêmico mais diversificado, acolhedor e atento aos conhecimentos indígenas. Esse movimento ganha ainda mais relevância em um contexto em que a educação é amplamente debatida por seu papel essencial na preservação das culturas e no enfrentamento das desigualdades históricas.