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O que vem depois do fim? Câmpus de Porto Nacional promove seminário internacional interdisciplinar
O Câmpus de Porto Nacional sediará entre os dias 30 de junho e 2 de julho, o II Seminário Poéticas e Políticas do Fim na América Latina Contemporânea. O evento é um desdobramento do projeto homônimo apoiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e tem como objetivo promover reflexões interdisciplinares sobre a noção de “fim” nas artes, na literatura e nas crises sociais, políticas e ambientais vivenciadas pela América Latina. Os interessadospodem se inscrever durante as atividades do evento, por meio de QR code.
A edição deste ano marca um momento importante para a UFT: trata-se do primeiro seminário bilíngue da graduação e da pós-graduação em Letras, com programação aberta a toda a comunidade acadêmica. Organizado em parceria com a Universidade Federal Fluminense (UFF), a Universidade Federal do Rio Grande (FURG), o Colégio Pedro II, a Pontificia Universidad Católica de Valparaíso, a Universidad de Chile e a Universidad Diego Portales, o seminário propõe como tema central a pergunta “O que vem depois do fim?”, abordando os múltiplos sentidos dessa ideia em contextos contemporâneos.
A programação conta com a presença de pesquisadores de diversas áreas, como Letras, Ciências Biológicas, Geografia, Filosofia, Ciências Sociais e Estudos Latino-Americanos. Também participará do evento a artivista indígena Narubia Werreria, trazendo um olhar sensível e político sobre os processos de extermínio e resistência vividos pelos povos originários.
De acordo com a professora Rejane de Souza Ferreira, do curso de Letras da UFT e principal organizadora do evento “O que vem depois do fim?” está para além dos limites da linguagem humana, espécie que veio habitar o planeta depois que ele próprio já havia experimentado muitos outros “fins” ao longo de milhões de anos, incluindo os grandes eventos geológicos e climáticos, a formação de supercontinentes, as eras de gelo, os impactos de asteróides e a evolução de novas formas de vida”, afirma.
A primeira edição do seminário ocorreu em agosto de 2024, na cidade de Viña del Mar, no Chile. A expectativa para a realização da segunda edição no Tocantins é de que o evento fortaleça ainda mais os laços acadêmicos entre Brasil e América Latina, além de ampliar o alcance das discussões promovidas pelo projeto.
Entre os destaques da programação está a oficina de cianotipia, que será conduzida pelo professor André Cardoso, da UFF, e a professora Rejane Ferreira, sob a responsabilidade do químico Alexandre Antunes, do Colégio Pedro II.
“Ao mesmo tempo que pode durar mais de 150 anos, o cianótipo carrega uma estética antiga. Isso gera um paradoxo: quando essa imagem realmente existe?”, explica o professor. “Registrar em cianotipia algo que está prestes a desaparecer é um gesto de memória pode sobrar apenas a imagem, mas com certeza, um cianótipo", destada Alexandra Antunes.
Para o professor Dr. Horst Nitschack, da Universidad de Chile e da Pontificia Universidad Católica de Valparaíso, e integrante do projeto Poéticas e Políticas do Fim na América Latina Contemporânea, tanto a Universidad de Chile, em Santiago, quanto a Pontificia Universidad Católica de Valparaíso mantêm, há algum tempo, importantes colaborações com universidades brasileiras. Já houve intercâmbio de alunos de pós-graduação, visitas de docentes e pesquisadores para palestras, além da organização conjunta de simpósios e congressos. Essas colaborações ocorreram, principalmente, com instituições de São Paulo e do Rio de Janeiro, em especial com a USP e a UFF.
“Considerando que a ampliação dessa rede diversifica e enriquece significativamente a cooperação com o Brasil, parece-nos altamente relevante e promissor incluir a UFT, com a qual ainda não há vínculos estabelecidos”, afirma o professor.
Já a professora Dra. Natalia Lopes Rico, da Universidad Diego Portales e integrante do projeto Poéticas e Políticas do Fim na América Latina Contemporânea, destaca que o evento “O Que Vem Depois do Fim?” representa uma oportunidade única para dar continuidade ao diálogo entre os grupos de pesquisa envolvidos na iniciativa. Segundo ela, o encontro também abre caminho para o fortalecimento da “Cátedra Brasil” — criada em 2024 —, que tem como objetivo intensificar as trocas acadêmicas entre a Universidad Diego Portales e instituições brasileiras.
De acordo com a professora Dra. Marina Pereira Penteado, da Universidade Federal do Rio Grande e integrante do projeto, a própria ideia de que pode haver algo depois do fim já é, por si só, um gesto de resistência ao pessimismo. “A consciência da crise, da catástrofe, pode nos levar a pensar em alternativas, em outras formas de nos constituirmos — tanto individualmente quanto como sociedade. Pode nos ajudar a exercitar a imaginação e a construir novas possibilidades de vida em um presente tão denso quanto o nosso”, conclui.