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Universidade Federal do TocantinsCÂMPUS MIRACEMA
Aluna de Serviço Social apresenta pesquisa de conclusão de curso sobre "Educação Indígena no Brasil: Desafios e Perspectivas"
Vitória Rita da Silva é integrante da etnia Pankará, localizada na Serra do Arapuá, município de Carnaubeira da Penha, em Pernambuco
No dia 5 de março de 2025, a estudante indígena do Curso de Serviço Social do Câmpus de Miracema, Vitória Rita da Silva, pertencente à etnia Pankará, originária do estado de Pernambuco, defendeu seu trabalho de conclusão de curso intitulado "Educação Indígena no Brasil: Desafios e Perspectivas em Análise", orientado pela professora da UFT, Janaína Souza. A pesquisa de Vitória tem como objetivo refletir sobre a realidade da educação escolar indígena e compartilhar sua experiência como estudante indígena, desde a educação básica até o ensino superior.
A escolha do tema surgiu durante o ingresso na Universidade, quando Vitória sentiu a necessidade de trazer à tona a perspectiva indígena, considerando sua experiência e os desafios enfrentados enquanto estudante em uma escola indígena no povo Pankará. “Senti a necessidade de trazer um olhar voltado para a perspectiva indígena, como um compromisso que eu tenho com o meu povo (Pankará) e a minha ancestralidade”, afirma a estudante.
Os resultados da pesquisa de Vitoria apontam que, apesar dos avanços legais, a educação indígena ainda enfrenta desafios significativos, como a implementação da interculturalidade, a proficiência bilíngue, a formação dos professores e a garantia de permanência dos estudantes nas escolas. “Mesmo essas leis sendo garantidas constitucionalmente, são direitos que estão em constante ameaça”, ressalta Vitória.
Vitória compartilhou também os sentimentos antes e depois da defesa de sua monografia. “Antes de fazer a minha defesa, estava muito tensa e nervosa. Porém, depois de receber a aprovação, o sentimento foi de felicidade e realização por saber que todo o meu esforço durante esse processo valeu a pena. Ser reconhecida pelo meu trabalho foi muito gratificante.”
A trajetória acadêmica de Vitória foi marcada por altos e baixos. Ela relata o impacto social de estar inserida em um ambiente novo, como a universidade, e rodeada de pessoas desconhecidas. “Estar inserida em um ambiente totalmente novo me causou um impacto social muito grande. Contudo, a partir das minhas vivências como acadêmica, passei a ter um olhar mais crítico e acredito que isso contribuiu muito para o meu processo de formação”, diz.
Entre as dificuldades enfrentadas durante sua graduação, Vitória destaca o distanciamento de sua família, um problema de saúde que a fez pausar temporariamente seus estudos e o preconceito relacionado à sua condição de bolsista. Apesar desses desafios, Vitória afirma que a universidade proporcionou amadurecimento e novas perspectivas. “A universidade me proporcionou muito amadurecimento e novas perspectivas pelo fato de ter saído da minha aldeia e hoje ter finalizado esse ciclo muito significativo em uma universidade federal. Hoje estar ocupando esse espaço é uma grande conquista!”.
Agora formada, Vitória pretende exercer sua profissão, continuar seus estudos e se preparar para concursos públicos. Ela também deixa um conselho para outros estudantes que enfrentam dificuldades semelhantes: “Acredito que o primeiro passo é ter coragem e não desistir. Apesar dos vários empecilhos e das dificuldades a serem enfrentadas por ser indígena em um contexto urbano, a universidade é plural e nós devemos ocupar esses espaços.” finaliza.
A professora Janaína Souza, orientadora de Vitória, compartilhou sua visão sobre a trajetória da estudante. “Vitória chegou-me como um presente. A postura serena e atenta chamou-me atenção para uma acadêmica já nos semestres finais de sua trajetória estudantil. Percalços acadêmicos e sua condição de saúde pareciam impeditivos de avanço, mas sua determinação e resiliência foram fundamentais para a caminhada. Com cansaço, em muitos dias, foi ela focada no que precisava fazer e melhorar. Ensinou-me mais a mim do que eu a ela. Reafirmou, convicta, que a atuação de um professor é cuidar que aluno aprenda. E Vitória aprendeu! Formal e politicamente, como deve ser um Cidadão egresso desta Universidade. A Vitória retorna vitoriosa ao seu povo e com certeza contribuirá para que as novas gerações também exercitem o direito à educação de qualidade. Gratidão, Vitória! A vitória é sua! ”.