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Estudantes de Serviço Social e Psicologia debatem violência contra a mulher em atividade de extensão em Miracema
Alunos do curso de Serviço Social e estagiários de Psicologia da Universidade Federal do Tocantins (UFT), em parceria com a ONG ViraAção Cidadania e Inclusão Social, promoveram ações de extensão desenvolvidas dentro da disciplina CCEX V - Gestão, Planejamento e Projetos Sociais II, voltadas às mulheres em situação de vulnerabilidade extrema e vítimas de violência do Setor Novo Horizonte, em Miracema. As ações são acompanhadas pelas professoras Débora Bolzan e Juliana Biazze Feitosa, dos cursos de Serviço Social e Psicologia. Além disso, todo encontro é planejado pelos alunos, com dinâmicas e palestras, sendo assim alunos protagonistas da ação, com um momento de troca de conhecimento e experiência com a comunidade.
Segundo a professora do Serviço Social, Débora Bolzan: “O projeto visa empoderar mulheres vítimas de violência da comunidade de Novo Horizonte, Miracema, através de ações educativas sobre violência doméstica, rede de apoio e acolhimento. Estudantes de Psicologia liderarão as atividades, aplicando seus conhecimentos teóricos na prática, promovendo a troca de experiências com a comunidade e contando com o apoio de uma professora de Psicologia para intervenções e acompanhamento.”
O primeiro encontro ocorreu no dia 8 de outubro, com uma roda de conversa sobre os desafios de ser mulher na sociedade atual. Participantes e moradoras do Setor Novo Horizonte relataram suas experiências durante a roda de conversa:
Maria Dias, moradora do setor, fala sobre o que é ser uma mulher na sociedade atual: “Ser mulher é lutar todos os dias, é persistir, ter garra. É também ter medo, mas é também enfrentar os desafios e não deixar se abater. É dar força uma para a outra, acolher outras mulheres.”
A participante e também moradora Samanta Ayra Santos Farias comenta: “Eu aprendi a ser uma mulher forte pelas descendentes que me trouxeram aqui, minha avó, minha mãe. É um desafio ser mulher nessa sociedade machista, que ensina que os homens podem tudo. Isso é cultivado em nossa sociedade. Nos ensinam que a mulher nasceu para cuidar e para servir, nosso salário é sempre menor e até o tempo de descanso das mulheres é diferente. Nós temos que mudar isso, mudar essa sociedade. Tem mulher que tem que ter relação sexual sem querer porque tem que ‘cumprir o papel esperado’. Somos vítimas de violência até dentro de casa. Nós não somos respeitadas, sentimos medo da violência”, afirma.
Enquanto as mulheres participavam da roda de conversa, as crianças acompanharam a história “Pipo e Fifi”, sobre a prevenção da violência sexual. O momento foi lúdico, com atividades de desenho e brincadeiras organizadas pelos alunos.
Os discentes também organizaram um mural de fotos com imagens de mulheres que lutaram e lutam pelos direitos femininos, como Dilma Rousseff, Angela Davis, Djamila Ribeiro, Maria da Penha e Carolina Maria de Jesus. O mural também destacou mulheres de Miracema que atuam na política e em movimentos sociais, como Lêda Galvão, Leila Galvão Matias, Maria Dias, Franciana Cardoso Costa e Camila Fernandes. Mulheres que abriram caminhos, questionaram a sociedade e resistiram.
No dia 15, a segunda atividade abordou sobre a rede de proteção às mulheres de Miracema e a importância da denúncia. Com uma dinâmica, as participantes identificaram diferentes tipos de violência: física, sexual, moral, patrimonial e psicológica. As participantes relataram as violências das quais já foram vítimas ou testemunham.
A assistente social Edna Castro, da 7ª Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher e Vulneráveis, dialogou sobre os canais de denúncia, como o 180, e destacou a necessidade de romper com ditos como “em briga de marido e mulher não se mete a colher”, que silenciam vítimas e perpetuam a violência. Entre as conversas, foi reforçada a importância de se combater ditos populares como “em briga de marido e mulher não se mete a colher”, destacando como essas construções culturais e históricas ocultam os casos de violência.
Durante a roda de conversa, as mulheres receberam panfletos informativos sobre os tipos de violência e os serviços da rede de proteção, como o Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas), Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (DEAM), Defensoria Pública e Hospital Regional de Miracema.
A ação foi encerrada com a música “Maria da Vila Matilde”, de Elza Soares, que reforça a importância da denúncia e do empoderamento feminino. Em ambos os dias, as atividades terminaram com um lanche, criando um espaço de convivência e leveza após os debates. Mais duas ações de extensão estão previstas na ONG ViraAção Cidadania e Inclusão Social, nos dias 22 e 25 de outubro. (Com informações de Debora de Paula Bolzan)