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Projeto da UFT recebe prêmio de divulgação científica por adaptar Guia Alimentar para o povo Akwẽ-Xerente
O projeto de extensão “Comida para o Bem Viver: diálogos sobre alimentação, saúde e nutrição entre o povo indígena Akwẽ-Xerente”, coordenado pelas professoras Reijane Pinheiro da Silva e Kênya Lima de Araújo, do curso de Nutrição da UFT, e pelo professor Cristian Salaini (UFRGS), foi premiado pelo grupo de jornalismo investigativo O Joio e o Trigo. A iniciativa, que adaptou o Guia Alimentar para a População Brasileira à cultura alimentar do povo Akwẽ-Xerente, foi uma das três selecionadas entre as melhores do Brasil.
A adaptação do Guia foi desenvolvida em parceria com o Centro de Ensino Médio Xerente (CEMIX), em Tocantínia (TO). De acordo com as responsáveis pelo projeto, as atividades começaram em janeiro de 2025, com a apresentação do projeto à direção, coordenação e professores da escola. Em fevereiro, professores e estudantes iniciaram os encontros presenciais no colégio. Entre fevereiro e abril, foram realizadas rodas de conversa com os alunos para apresentar o Guia Alimentar e promover reflexões sobre a relação entre alimentação e saúde. Também participaram de oficinas sobre os impactos do consumo de alimentos ultraprocessados, com destaque para sua ligação com doenças metabólicas, como a diabetes.
Uma das coordenadoras do projeto, a professora Reijane Pinheiro da Silva, ressalta como foi o desenvolvimento da iniciativa e a importância das políticas públicas nesse contexto. “A ideia de adaptar o guia está relacionada à importância desse material para a saúde pública, mas também à realidade do povo Akwẽ, que enfrenta diversos problemas de saúde ligados à alimentação. A proposta foi fazer com que as orientações dialogassem com o universo cultural e alimentar deles, É fundamental que as políticas públicas considerem a diversidade e as identidades que nos constituem como brasileiros. Documentos oficiais de saúde, educação e justiça precisam ser traduzidos para as línguas indígenas. Isso garante o acesso à informação e aos direitos desses povos”, afirma.
Reijane Pinheiro explica que os alunos foram desafiados a traduzir o Guia para a cultura Akwẽ por meio de desenhos e frases curtas, já que, entre esse povo, a escrita é recente e a tradição se sustenta principalmente na oralidade. O resultado desse trabalho foi o livro Comida para o Bem Viver do povo Akwẽ, que será discutido ao longo do ano nas escolas das Terras Indígenas Funil e Xerente, em atividades conduzidas pelos coordenadores e alunos do projeto “Comida para o Bem Viver: diálogos sobre alimentação, saúde e nutrição entre o povo indígena Akwẽ-Xerente”.
Sobre o principal desafio do projeto, Reijane conta que foi necessário orientar o grupo a refletir sobre as recomendações do Guia a partir da realidade alimentar do território em que vivem e traduzir essas ideias em imagens. Segundo ela, o resultado compensou o esforço, e agora o objetivo é distribuir o material nas escolas da Terra Indígena Xerente.
Com informações de Reijane Pinheiro da Silva