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UFT forma primeira mestra quilombola em Serviço Social do Quilombo Boi de Carro
No dia 30 de setembro de 2025, o Câmpus da Universidade Federal do Tocantins, em Miracema, registrou um marco histórico: Patrícia Pinheiro, do Quilombo Boi de Carro, defendeu sua dissertação e se tornou a primeira quilombola mestra em Serviço Social pelo Programa de Pós-Graduação em Serviço Social (PPGSSocial).
De acordo com as informações da professora Rosemary Negreiros de Araújo, orientadora de Patrícia, ela também foi a primeira mulher quilombola a ingressar no programa pelas cotas raciais. "Com a defesa, ela não só concluiu uma etapa acadêmica, mas abriu um caminho de inclusão e representatividade dentro da universidade pública", declara a docente. A dissertação, intitulada “Do Quilombo à Universidade Pública: Acesso e Estratégia de Resistências no Território da UFT – Miracema”, discute os desafios de estudantes quilombolas no ensino superior, o papel das ações afirmativas e as estratégias de resistência que garantem acesso e permanência.
A defesa ocorreu por videoconferência e contou com uma banca formada por professoras de diferentes instituições. A Comissão foi presidida pela professora Rosemary, e teve a participação da professora coorientadora Luana Ribeiro da Trindade (Universidade Federal do Espírito Santo); da professora Maria Helena Cariaga Silva (UFT); e da professora Milena Fernandes Barroso (Universidade Federal de Sergipe). Conforme Rosemary, a diversidade de trajetórias trouxe olhares distintos e fortaleceu o debate sobre a presença quilombola na universidade.
Após a arguição, a Banca aprovou a dissertação com distinção e destacou a relevância teórica, metodológica e política do trabalho. Também reconheceu a trajetória de Patrícia como mulher negra, quilombola e pesquisadora comprometida com os direitos de povos e comunidades tradicionais.
Para a orientadora, a conquista de Patrícia é também uma vitória coletiva e representa a luta das comunidades quilombolas, dos movimentos sociais e das políticas de inclusão racial. Segundo a docente, a presença de Patrícia na Universidade já é, por si, um ato de resistência.
“Chegar até aqui é mais que um sonho pessoal, é uma conquista para o meu povo, o Quilombo Boi de Carro. Que outras meninas quilombolas saibam que é possível ocupar esses espaços”, (Pat´ricia Pinheiro)
O Programa de Pós-Graduação em Serviço Social da UFT, ao celebrar esse momento, reafirma o compromisso com uma universidade pública democrática, inclusiva e antirracista. A trajetória de Patrícia, marcada pela resistência e pela ancestralidade, simboliza o encontro entre o conhecimento acadêmico e os saberes tradicionais. Mais do que um feito individual, sua conquista ecoa como uma vitória das ações afirmativas, da luta antirracista e da valorização das identidades quilombolas no ensino superior brasileiro.
(Com informações de Rosemary Negreiros de Araújo)