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Pesquisa sobre a comunicação de pessoas surdas em cidades do interior do Tocantins é lançada em forma de livro
Fruto da pesquisa do doutorado do professor Fernando Cardoso dos Santos, do Câmpus de Miracema, foi lançado no último dia 23 de junho a obra "Mão silenciadas: o contexto sociolinguístico dos surdos do interior do Tocantins". A publicação, construída a quatro mãos (do professor Santos e seu orientador, professor Cássio Florêncio Rubio (foto ao lado), da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar)), aborda as práticas comunicativas de sujeitos surdos em municípios no interior do Estado; o professor Santos é surdo e concluiu seu doutorado pelo Programa de Pós-Graduação em Linguística da UFSCar.
De acordo com a sinopse da obra, durante a pesquisa em 11 municípios do interior do Tocantins, ficou destacada a variedade, a diversidade dos repertórios visuais e gestuais utilizadas pelos 30 sujeitos surdos abordados. "Os autores questionam a centralidade da Libras institucionalizada naquele contexto e propõem uma abordagem mais ampla e inclusiva da linguagem", diz a sinopse, ressaltando que, com base em referenciais sociolinguísticos e dos Estudos Surdos, revelam-se desafios e potencialidades desssas comunidades. É "um convite à escuta sensível, ao reconhecimento da diferença e à construção de políticas linguísticas mais justas", emenda a sinopse. A pesquisa foi realizada com entrevistas presenciais e também via aplicativos de mensagens.
Para o professor Fernando Santos, "a obra traz importantes contribuições para o processo de inclusão dos surdos para dentro e fora do contexto escolar, oportunizando formação integral e holística da comunidade acadêmica da UFT, assim como formação de professores no processo de ensino aprendizagem das pessoas surdas", diz. Ele complementa que a publicação "oportuniza (abertura de) novos horizontes para pesquisa em Sociolinguísticas dos povos surdos, área que ainda carecem investigações em contextos específicos onde transitam os surdos".
As conclusões a que a obra chega revelam que, apesar da amplitude ganha pela Língua Brasileira de Sinais nos últimos anos, do apoio governamental e da regulamentação instaurada, a população surda nas localidades do interior ainda não adquiriu fluência em Libras, há falta de acesso à Libras e uma heterogeneidade da comunidade, com pessoas surdas com diferentes particularidades ao modo de comunicar. Outra conclusão é a de que o domínio da Libras ainda não é suficiente para que seja estabelecida uma comunicação plena entre surdos e ouvintes.
O livro, em formato e-book, pode ser baixado gratuitamente no site da Editora Pedro e João Editores.