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Dia do acadêmico de Direito é celebrado nesta segunda-feira, 19
Na igreja católica existe um santo conhecido por sua inteligência e benevolência. Estudioso do Direito Civil, Filosofia, Teologia e Letras, dizem que ele defendia os menos desafortunados com afinco nos tribunais eclesiásticos e por isso ganhou o título de “Advogado dos pobres”. Em 19 de maio é celebrado o Dia de Santo Ivo, padroeiro dos advogados, data que foi escolhida para representar também o Dia do Acadêmico de Direito.
A Universidade Federal do Tocantins (UFT) oferece o curso de Direito em dois Câmpus, Palmas e Arraias, que juntos somam 644 estudantes. Para celebrar esse dia, conversamos com dois estudantes do curso sobre suas trajetórias, aprendizados e pretensões futuras na profissão.
José Miguel Nunes da Silva, estudante do Câmpus de Palmas que está no 9° período, compartilha com orgulho suas realizações na graduação e em seu intercâmbio no Canadá, na Thompson Rivers University, onde realiza um estudo comparativo entre as políticas públicas para trabalhadores migrantes no Brasil e no Canadá. Mas o caminho até o curso de Direito não foi fácil, o estudante conta que o desejo de lutar por justiça social surgiu ao observar as condições de trabalho da própria mãe, que atua como trabalhadora doméstica desde os nove anos de idade. “Presenciar as injustiças, desigualdades e vulnerabilidades vividas por ela despertou em mim uma consciência crítica e um forte interesse pelas questões relacionadas aos direitos humanos e trabalhistas”, e isso foi decisivo para a sua escolha em seguir a graduação em Direito.
O acadêmico ainda ressalta que está colhendo os frutos de sua dedicação à graduação antes mesmo de finalizar o curso, “tenho conquistado realizações que jamais imaginei possíveis, como palestrar na Brazil Conference, um evento de extrema relevância, em instituições renomadas como Harvard e o MIT, duas das melhores universidades do mundo.”
A estudante Janykelle Ribeiro de Melo, que está no 9° período, conta que queria seguir carreira militar, mas o concurso em que foi aprovada foi cancelado, e por ter aproximação com o Direito por seus estudos para concursos, a irmã mais velha a incentivou a fazer o vestibular para a segunda turma do Câmpus de Arraias. Somente após ingressar na graduação é que Janykelle conseguiu reconhecer a importância do Direito para conquistar espaços para aqueles com menos oportunidades, como a comunidade quilombola Kalunga do Mimoso, da qual a acadêmica faz parte. “Com esse conhecimento, hoje consigo auxiliar o público mais vulnerável, assim como eu, a exercer direitos mínimos, além de servir como referência, para muitos e principalmente para as mulheres negras, sendo a primeira quilombola da minha comunidade a cursar Direito e com o privilégio de ser aqui, "dentro de casa", pois se fosse em outra localidade, eu e minha família jamais teríamos condições de arcar com os gastos".
O coordenador do curso de Direito do Câmpus de Arraias, Emerson Ramos, ainda ressalta a importância dos acadêmicos de Direito, em especial os de Arraias, na transformação social da região ao seu redor. Através de projetos de extensão, os estudantes atuam na facilitação de acesso à justiça e direitos humanos com atenção especial a população vulnerável, abordam temas urgentes como violência de gênero e sistema penal e atuam na preservação documental que resgata a história jurídica e social do sudeste do Tocantins, através do Centro de Documentação e Memória de Arraias e Região (CDMAR). “Cada um/a dos acadêmicos tem um papel fundamental na construção de um Direito mais justo, inclusivo e conectado com as realidades do nosso tempo [...] A universidade pública é um espaço conquistado e deve ser defendido com paixão e responsabilidade. Sigamos juntos nessa caminhada, construindo pontes entre o saber jurídico e os desafios concretos do mundo que nos cerca", finalizou o coordenador.
(*) Karyne Assunção é estudante do curso de Jornalismo e cumpre estágio obrigatório na Sucom