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A geopolítica da alimentação: desafios e contradições na América Latina
O curso de Relações Internacionais,por meio do Grupo de Estudos Globais e América Latina – GEGAL-UFT, recebeu no dia 11 de novembro a professora Martine Guibert, docente associada do Departamento de Geografia, Planejamento e Meio Ambiente e Membro do Laboratório de Pesquisa em Dinâmica Rural da Universidade de Toulouse, França.
Sua palestra intitulada “América Latina, geopolítica e produção agropecuária” teve por objetivo tratar das mais recentes relações entre Norte-Sul e Sul-Sul Global através da perspectiva das chamadas transições climáticas, energéticas, alimentares e ambientais, discutindo se os sistemas de produção e a dinâmica do comércio internacional de fato podem consolidar sistemas mais sustentáveis
Em 2019, o tema da fome voltou a receber atenção da comunidade científica especialmente pelos índices de insegurança alimentar disponibilizados por órgãos e entidades preocupadas com o avanço do problema em várias regiões do mundo. Além da pandemia, também a guerra entre Rússia e Ucrânia tiveram papel fundamental na reorganização dos mercados e na variação dos preços dos produtos em escala internacional.
Muitos acreditavam que a especialização dos espaços de produção de alimentos e a introdução de novas tecnologias pudessem solucionar o problema da fome no mundo. O fato é que apesar dos avanços tecnológicos no setor de produção de alimentos e aumento exponencial da produtividade, o acesso à alimentação continua sendo um dos maiores problemas. Os sistemas alimentares estão globalizados e territorializados. O Brasil é parte deste importante circuito de produção de alimentos e atende historicamente as demandas da União Europeia. Mais recentemente a China passou a ter papel de destaque nesta demanda e seus investimentos na área tecnológica e logística podem ser vistos na atuação, no estado do Tocantins.
A especialização e o controle dos recursos para diminuir os riscos da falta de alimentos atenderam apenas os interesses transnacionais que passaram a ter controle sobre importantes elos da cadeia de valor do agronegócio. A superacumulação de riqueza mais uma vez ficou em primeiro plano e o acesso à alimentação continua sendo um dos grandes dilemas deste modelo de desenvolvimento.
As pesquisadoras e pesquisadores do Grupo de Estudos Globais e América Latina têm desenvolvido pesquisas no âmbito da Iniciação Científica (IC) e Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC) cujas temáticas se aproximam muito desta discussão. Tanto Martine Guibert quanto Antonio Filho de Oliveira Bigoni, doutorando da Universidade de Toulouse, egresso do curso de Ciências Sociais da UFT, e que também apresentou os avanços da sua pesquisa, na tarde do dia 11 de novembro, contribuíram sobremaneira para o aprofundamento destas investigações. A Direção do Câmpus da UFT Porto Nacional também teve papel importante na realização deste evento demonstrando a importância da internacionalização e da cooperação científica.